Descoberto anticorpo que previne o desenvolvimento de resistências em doentes com VIH

Estudo identifica o anticorpo 1-18 como altamente potente e caracteriza-o como um candidato promissor à imunoterapia contra o VIH.

Investigadores do Hospital Universitário de Colónia, na Alemanha, descobriram um anticorpo que restringe o desenvolvimento de resistências no tratamento da infeção por VIH e abre portas para novas terapêuticas.

Os fármacos antirretrovirais são o gold standard do tratamento da infeção por VIH, com comprovada eficácia a reprimir a replicação e atividade do vírus. Mas, devido à capacidade de mutação e adaptabilidade do VIH, a combinação de fármacos tem de ser adaptada ao longo do tempo para impedir que o doente desenvolva resistência ao tratamento.

A comunidade científica tem-se focado nos anticorpos neutralizantes enquanto procura por alternativas terapêuticas e por formas de prevenção da infeção por VIH. O modelo de atuação destes anticorpos é muito diferente do dos fármacos antirretrovirais, pois atingem o vírus ao ligarem-se às proteínas de superfície do VIH.

Os ensaios têm demonstrado o potencial destes anticorpos na redução da carga viral em indivíduos infetados, embora os efeitos tenham sido, inicialmente, apenas temporários com o registo de desenvolvimento de resistências.

Agora, cientistas do Hospital Universitário de Colónia, na Alemanha, identificaram o anticorpo 1-18, e mostrou ser altamente potente contra 97% das variantes do vírus testadas. Segundo o Dr. Philipp Schommers, médico especialista em Medicina Interna e um dos autores do estudo publicado a 30 de janeiro na revista Cell, o “1-18 está, portanto, entre os melhores anticorpos neutralizadores do VIH descritos até o momento”.

 

 Desenvolvimento do estudo

 

Em colaboração com colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, os investigadores na Alemanha identificaram o modo de ação do anticorpo 1-18 em detalhe, observando que este liga-se e inativa uma estrutura superficial do VIH que é particularmente relevante porque é essencial para a infeção e para a replicação viral.

Para testar a eficácia deste anticorpo, a equipa aleatorizou dois grupos de ratos infetados com VIH que replicam o modelo humano. A um grupo foram administrados outros anticorpos neutralizadores e no grupo comparador foi administrado o anticorpo 1-18.

Os efeitos observados no primeiro grupo duraram pouco tempo, visto que o vírus sofreu mutações e desenvolveu resistência contra os anticorpos. Contudo, no braço do estudo que recebeu o anticorpo 1-18 a carga viral foi suprimida e os resultados mantiveram-se durante o tempo que durou a terapia. “Esses resultados indicam que o desenvolvimento da resistência viral contra o novo anticorpo 1-18 é restrito quando comparado a outros anticorpos”, afirmou o Dr. Henning Grüell, outro autor do trabalho.

Devido à sua alta potência, os cientistas consideram 1-18 um candidato promissor à imunoterapia contra o VIH. “Além disso, 1-18 tem um grande potencial para prevenir a infeção pelo VIH por imunização passiva”, acrescentou o Prof. Doutor Florian Klein, outro dos autores da investigação.

RV/SCIENMAG

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