13 Dez, 2024

67.º Congresso Nacional de Oftalmologia. “É um balanço extremamente positivo”

Joana Cardigos, médica oftalmologista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), faz um “balanço extremamente positivo” do 67.º Congresso Nacional de Oftalmologia, que decorreu entre 5 e 7 de dezembro. Em entrevista, aborda, ainda, os avanços numa especialidade que tem evoluído bastante.

Que balanço faz do 67.º Congresso Nacional de Oftalmologia?

É um balanço extremamente positivo. Este ano alterámos o formato, incluindo temas sobre todas as subespecialidades. Inicialmente, houve alguns receios por ser algo novo, mas, no final, estavam todos muito satisfeitos. Aliás, tivemos 1278 inscritos, mais do que é habitual.

Quais são os avanços tecnológicos que mais se destacam nesta especialidade?

São os mais diversos nas várias subespecialidades. No caso do glaucoma, que é a minha área, foram apresentados estudos mais recentes e tivemos uma palestra sobre “Implicações Clínicas dos Avanços na Genética e no Glaucoma”, da autoria do Prof. Anthony Khawaja. Foi uma sessão muito interessante sobre os genes do glaucoma revisitados. Também se abordaram, inevitavelmente, os fatores de risco associados ao glaucoma. Os avanços tecnológicos na Oftalmologia fazem sentir-se, sobretudo, na criação de lentes, de técnicas cirúrgicas, de meios complementares de diagnóstico e de terapêutica e em biomarcadores e parâmetros de avaliação.

“Até há uns tempos, as pessoas diagnosticadas com degenerescência macular da idade (DMI), acabavam por cegar. Hoje em dia, já não tem de ser assim”

Todas essas novidades implicam investigação. É fácil fazer investigação em Oftalmologia, em Portugal?

Não, tal como noutras especialidades e áreas. É muito difícil! Enquanto noutros países temos toda uma clínica voltada para a investigação científica, com horários de trabalho dedicados a essa função, no nosso país temos que lutar contra tudo e contra todos, nas horas vagas, não remuneradas. Apesar desta conjuntura menos positiva, devo realçar que, mesmo assim, se aposta cada vez mais na investigação.

Em que áreas, onde não tinham respostas muito efetivas, já conseguem, atualmente, ter um tratamento por causa dessa aposta na investigação?

Essencialmente, na retina. Até há uns tempos, as pessoas diagnosticadas com degenerescência macular da idade (DMI), acabavam por cegar. Hoje em dia, já não tem de ser assim. Nas patologias genéticas também já dispomos de alguns tratamentos dirigidos, nomeadamente na área da retina, que permitem uma mudança de prognóstico muito significativa. Mesmo no glaucoma, temos assistido a uma mudança de paradigma, não apenas na cirurgia em si, mas também na intervenção mais precoce.

 

MJG

 

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