23 Abr, 2019

Terapia inovadora dá mais anos de vida à população com apneia de sono

A terapia de pressão positiva contínua nas vias aéreas prolonga vida de doentes obesos com apneia de sono, diminuindo a incidência de episódios cardiovasculares.

Segundo um recente estudo, as pessoas obesas com apneia do sono podem ver a sua vida prolongada com a terapia de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, sigla em português).

Esta terapia consiste, de acordo com a VitalAire, “no envio de uma pressão positiva contínua para as vias aéreas por forma a mantê-las abertas e evitar o seu colapso e, por consequência, episódios de apneia”, através de um equipamento médico.

Depois de analisar pacientes com excesso de peso que sofrem desta doença durante cerca de 11 anos, os investigadores descobriram que aqueles que usaram o tratamento PAP tinham menos 42 por cento de probabilidade de morrer de qualquer causa, comparativamente aos que não estavam a beneficiar desta terapia..

A apneia obstrutiva do sono (AOS, sigla em português) não tratada tem sido associada a sonolência excessiva, ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e aumento de morte prematura.

“Em pacientes com apneia do sono, existe uma fraca oxigenação do corpo durante o sono”, explica o autor principal do estudo e cientista do Centro de Investigação Cardiovascular de Paris, Quentin Lisan.

De acordo com o médico especialista, a terapia “fornece uma maior oxigenação do corpo durante o sono, baixando o risco associado a outras doenças cardiovasculares, o que poderá, por sua vez, diminuir a mortalidade destas pessoas”.

Para chegar a estas conclusões, o autor e a sua equipa de investigação contaram com a participação de 392 indivíduos com obesidade e AOS grave, agrupados de acordo com a faixa etária, género e índice de apneia e hipopnéia. O resultado era obtido a partir dos resultados daqueles a quem tinham sido prescritos a terapia de pressão positiva contínua nas vias aéreas (81) e aqueles que não tinham acesso a este tratamento (311).

Segundo o relatório publicado no JAMA Network, volvidos os 11 anos nos quais decorreram a investigação, 12 pacientes que estavam a beneficiar da terapia morreram, contra os 84 que não estavam a fazer a CPAP.

Uma desvantagem das máquinas PAP é que elas podem ser barulhentas e desconfortáveis e às vezes não permitem que os pacientes continuem o seu ciclo de sono.

Existe também alguns pacientes que não gostam de usar as máscaras respiratórias durante a noite. Esses podem usar um dispositivo mandibular, que abre espaço na via aérea, empurrando o osso da mandíbula com vista a diminuir a probabilidade do colapso das vias aéreas superiores durante o sono.

Segundo o médico Clete Kushida, do Sleep Medicine Center, em Redwood, Califórnia, “os pacientes devem aderir totalmente para o tratamento funcionar. Sabemos, de outros estudos, que quanto mais se comprometerem com o tratamento, mais benefícios receberão”.

“Não sabemos exatamente porque razão a PAP reduz o risco de mortalidade, mas pode ter reduzido a mortalidade causada por fatores como ataques cardíacos, derrames, altos níveis de glicose e pressão alta”, disse Kushida por e-mail ao Medscape.

Quando os pacientes não se dão bem com o tratamento, devem consultar o médico para verificar se as configurações da máquinas podem ser ajustadas para que fique confortável, declara Marie-Pierre St-Onge, investigadora do sono no Centro Médico Irving de Columbia, em Nova York, EUA. Por vezes, é uma questão de baixar ou aumentar um pouco a pressão.

“Algumas pessoas precisam de mais ou menos pressão para manter as vias aéreas abertas. Um teste de sono no laboratório pode-nos ajudar a determinar qual é a pressão ideal”, explicou Maria-Pierre St-Onge, advertendo que “muito alto é desconfortável e muito baixo não será eficaz.”

Há, portanto, que encontrar um meio termo que sirva a todos os doentes que queiram fazer parte desta nova experiência médica.

Erica Quaresma

 

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