23 Nov, 2018

DPOC afeta cerca de 800 mil pessoas em Portugal. Grande maioria não sabe que tem a doença

Sessão “Onde estamos e para onde queremos ir na gestão da DPOC em Portugal”, organizada pela GSK no âmbito do Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), juntou médicos, doentes e indústria farmacêutica numa reflexão objectiva sobre os principais desafios que se colocam na gestão da DPOC em Portugal.

Portugal avançou muito na gestão da DPOC nos últimos anos, mas ainda há muito por fazer. Estima-se que existam 800 mil pessoas em Portugal com aquela que é já a sétima principal causa de morte no nosso país, mas o subdiagnóstico deverá rondar os 74%.

Para inverter a tendência actual, três pilares estratégicos são fundamentais: a prevenção, através do investimento na cessação tabágica; o diagnóstico precoce, com promoção do conhecimento dos sinais de alerta e um aumento da realização de espirometrias; e a gestão integral da doença, através de medicação, educação do doente e reabilitação respiratória. Ao longo do debate, foi sublinhada a importância da terapêutica farmacológica e o seu impacto na gestão da patologia.

Dra. Isabel Saraiva, vice-presidente da Respira

Acordar com falta de ar é um sentimento muito comum nos doentes de DPOC e só quem experiencia essa sensação sabe a aflição que causa. Nessas situações, o que os doentes mais desejam é um medicamento que os alivie”, comentou Isabel Saraiva, Vice-Presidente da RESPIRA.

As conclusões são do grupo de especialistas reunido na sessão “Onde estamos e para onde queremos ir na gestão da DPOC em Portugal”, organizada pela GSK, no âmbito do Dia Mundial da DPOC, 21 de Novembro. O objetivo da sessão era debater os principais desafios clínicos, sociais e económicos na gestão da patologia e as medidas necessárias para alterar o curso atual da DPOC em Portugal.

Um objetivo alinhado com o compromisso que a GSK assume na luta contra as doenças respiratórias, conforme recordado pela Diretora-Geral, Silvia Guichardo. “Há 50 anos que a GSK tem trabalhado em conjunto com os profissionas de saúde e doentes no desenvolvimento de soluções para os desafios que doenças respiratórias, como a Asma e a DPOC, apresentam”.

 

Sétima causa de morte prematura em Portugal

 

Segundo o Diretor Executivo da APIFARMA, tomando como referência dados de 2016, a DPOC foi responsável por cerca de cinco mil mortes em Portugal, tendo sido a sétima principal causa de morte prematura no nosso país. Heitor Costa sublinhou, ainda, os 28 milhões de euros associados a hospitalização e atendimento de urgência a doentes com DPOC, que representam 14% de todos os casos de hospitalização e cuidados de emergência preveníveis.

Dra. Paula Pinto, médica pneumologista

Isabel Saraiva, por seu lado, destacou o “fosso existente entre as necessidades e a realidade. Devíamos ter uma rede de espirometria no país todo, o que ainda não se verifica. Devíamos ter 30% a 40% dos doentes em programas de reabilitação respiratória e estão menos de 2%.”

Como frisou Paula Pinto, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, assistimos a uma tendência positiva na evolução nos últimos cinco anos, com melhorias nos números de diagnóstico, “apesar de existirem ainda assimetrias regionais grandes. Assistimos a menos internamentos por DPOC. A prevalência está a aumentar, mas apesar de tudo estamos a diagnosticar e a tratar bem os doentes”, referiu a médica pneumologista do Hospital de Santa Maria.

 

Problema do subdiagnóstico

 

O principal perigo, concordam todos, está no subdiagnóstico existente, resultado de uma mistura de factores, sumarizados por João Ramires: “a desvalorização dos sinais e sintomas por parte dos próprios doentes; a falta de tempo nas consultas nos cuidados de saúde primários para fazer as perguntas certas aos doentes; a escassez de meios humanos e técnicos especializados capacitados para fazer as espirometrias fundamentais no diagnóstico”. Isabel Saraiva soma mais um: a dificuldade de comunicação entre médicos e doentes e a distância que existe entre ambos.

Heitor Costa, Diretor Executivo da APIFARMA

Os casos registados da doença duplicaram no espaço de seis anos. “Em 2011, tínhamos 56 mil casos. Em 2016, tivemos 132 mil”, referiu Heitor Costa. No entanto, estima-se que a prevalência da doença seja muito superior – 800 mil vivem atualmente com DPOC. A grande maioria (74%) não está diagnosticada.

O tema do subdiagnóstico foi parte integrante também do segundo painel da tarde, com José Alves a considerar que todos os fumadores deveriam fazer, por rotina, obrigatoriamente, uma espirometria. “Nas suas primeiras fases a DPOC não tem sintomas. Só há sinais de alarme quando há uma perda de função respiratória na ordem dos 30%.”

Nesta linha e quase como uma síntese de todo a discussão, Paula Simão salientou os três pilares fundamentais para contrariar a evolução negativa da DPOC: A evicção, através da cessação tabágica; o diagnóstico, através das sensibilização de doentes, médicos e um incentivo à espirometria; e o tratamento integral do doente, com ensino para a auto-gestão e reabilitação respiratória associadas aos fármacos.

 

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