25 Jul, 2018

Médicos internos asseguram sozinhos urgências de vários hospitais de Lisboa

Há relatos de casos de internos a assegurarem a assistência a situações críticas no internamento do Egas Moniz, quando ainda têm pouco experiência para tal. Em São José e Santa Maria há registo de médicos internos a fazerem urgências sozinhos.

Vão-se acumulando os relatos de casos em que médicos ainda em formação estão a fazer urgências sozinhos, situação que é proibida no regulamento do internato médico. Primeiro, chegaram denúncias do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), que integra os Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, e do Hospital de São José e, agora, o DN garante que no Hospital Egas Moniz existem médicos internos escalados para fazer urgência interna sem qualquer acompanhamento. Situação idêntica está também a ocorrer no Hospital São Francisco Xavier, na zon ocidental da cidade.

A crónica falta de recursos humanos nos hospitais do SNS é conhecida há muito e tende a agravar-se nos meses de julho e agosto, período em que muitos profissionais vão de férias. O hospital Egas Moniz, no centro de Lisboa, vai mesmo recorrer a jovens ainda em formação para assegurar assistência aos doentes internados em vários dias do mês de agosto. Segundo avança o DN, alguns destes médicos internos indiferenciados não se sentem preparados para lidar com casos críticos em que podem ter de lidar com situações de vida ou de morte.

 

Ordem e Sindicato condenam prática

 

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) tem conhecimento da situação no Egas Moniz e o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, garante que vai voltar a confrontar o conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (a que pertence esta unidade), porque, diz, este recorre com frequência a escalas com médicos internos. Preocupada está também a Ordem dos Médicos. “Essa situação viola as diretrizes da formação médica e põe em causa a segurança dos doentes”, alerta Carlos Cortes, presidente da secção sul da Ordem, que condena a utilização excessiva de médicos ainda no período de formação nas urgências dos hospitais da região de Lisboa.

Esta quarta-feira, a Ordem dos Médicos desloca-se à urgência do hospital de Santa Maria depois de terem surgido denúncias de que existiriam médicos internos a fazer urgência sozinhos e a serem pressionados a fazerem mais horas neste serviço do que aquelas a que estão obrigados. Em junho, a própria Ordem dos Médicos retirou a capacidade formativa em pneumologia aos dois hospitais do CHLN por se terem registado casos de internos a fazer urgências sem a tutela de um especialista.

Ainda no início de julho, os chefes de equipa dos serviços de Medicina Geral e Cirurgia Geral do Hospital de São José denunciaram, ao mesmo tempo que apresentavam a demissão dos respetivos cargos, um caso de um médico interno que assegurava muitas vezes o comando da urgência do hospital. “Isto põe em causa a segurança dos doentes e a responsabilidade é inteiramente dos hospitais. Os internos ficam desesperados, escalam médicos em formação de especialidades que não são de emergência”, critica Carlos Cortes.

Saúde Online

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