28 Fev, 2024

Via Verde Saúde. Profissionais satisfeitos e menos custos para o SNS

O projeto Via Verde Saúde surgiu em 2022 nos concelhos do Seixal e Almada, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, para dar resposta à escassez de médicos de família.

Maior satisfação profissional e maior eficiência são duas das mais-valias da Via Verde Saúde, um projeto que surgiu para dar resposta temporária a utentes sem médico de família.

“A despesa associada à sua manutenção é menor do que aquela que previsivelmente seria gasta com a potencial transição dos utentes para os serviços de urgência hospitalar”, de acordo com as conclusões de um estudo de Carolina Santos, Olivia Villeneuve, Nuno Henrique Campos Matos e Pedro Pita Barros, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social.

“A Via Verde Saúde consiste num novo modelo de cuidados de saúde primários que se apoia numa abordagem de equipa multidisciplinar, otimizando o contributo das diferentes classes profissionais de saúde e realçando o papel dos profissionais de saúde qualificados, como os enfermeiros especialistas”, explica-se em comunicado.

 À data de junho de 2023, os projetos Via Verde Saúde incluíam cerca de 43 mil utilizadores no Seixal e cerca de 14 mil em Almada.

No estudo analisou-se a satisfação dos profissionais, a satisfação dos utentes e as implicações económicas e financeiras. Quanto ao primeiro ponto, a  grande maioria dos profissionais expressou um alto nível de satisfação profissional (75% reportam um forte sentimento de satisfação enquanto apenas 16% relatam estar satisfeitos), “salientando o alinhamento das suas aspirações profissionais com valores pessoais”.

Acresce ainda a “flexibilidade de horários sem exigência de horas extras, o que permitiu um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional” e a “população de doentes diversificada”, que é  “uma oportunidade de aprendizagem”.

Os ganhos de eficiência resultantes da definição de tarefas de cada grupo profissional também foram um tema recorrente. “A Via Verde Saúde reconheceu que os enfermeiros estão a subutilizar o seu potencial e ao permitir que estes lidem com certas consultas e responsabilidades, os médicos poderiam afetar o seu tempo a outras tarefas críticas.”

As duas maiores fontes de insatisfação apresentadas pelos profissionais de saúde estão relacionadas com os salários e o desafio de fornecer atendimento personalizado ao utente.

“Um sentimento comum entre os profissionais da Via Verde Saúde é a esperança de o modelo da Via Verde Saúde servir como um exemplo para a replicação no futuro em situações de clara falta de acesso dos utentes a um médico de família”, concluem os investigadores.

Do ponto de vista do utente, realça-se a qualidade clínica, mas não se compreende por que razão não lhes é atribuído um médico de família. Queixam-se também da indiferença no atendimento pelo secretariado e informação inadequada.

“Aliando a vantagem orçamental à maior satisfação dos profissionais de saúde e ao reconhecimento dos utentes da importância de terem esta acessibilidade, torna-se claro o interesse no desenvolvimento da Via Verde Saúde”, referem os investigadores.

Em jeito de conclusão, mencionam ainda que  será “mais dispendioso para o SNS aumentar o número de episódios de urgência hospitalar por falta de resposta do que aumentar os salários dos profissionais de saúde na Via Verde Saúde para valores similares aos da USF”.

A Iniciativa para a Equidade Social é uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI, e a Nova SBE, que visa impulsionar o setor social em Portugal com uma visão de longo prazo.

MJG

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