28 Fev, 2023

Situação “caótica” na Pedopsiquiatria: faltam camas e especialistas

Se antes da Covid-19 a situação da Pedopsiquiatria em Portugal já era difícil, após a pandemia os serviços entraram em estado caótico, que se traduz em falta de especialistas e de camas, mais pedidos de consultas e urgências.

A Saúde Mental em Portugal parece estar numa situação caótica. De acordo com artigo publicado pelo jornal Público, e segundo Paulo Santos, presidente do colégio de pedopsiquiatria da Ordem dos Médicos, “existe falta generalizada de tudo [nos Serviços de Pedopsiquiatria], que após a pandemia entraram em estado caótico, com mais pedidos de consultas, urgências e necessidade de internamentos”.

Faltam pedopsiquiatras e outros técnicos no SNS, há hospitais em que o tempo de espera para uma consulta ascende a 200 dias e são precisas mais camas de internamento.

A Coordenação das Políticas de Saúde Mental (CNPSM) diz que está a ser feito um investimento no ambulatório e que, até ao final deste ano ou início do próximo, irão abrir mais dez camas de internamento.

Segundo o referido trabalho, em Portugal, existem quatro serviços de internamento – nos centros hospitalares e universitários de Coimbra e do Porto (CHUC e CHUP, respetivamente), no Hospital Dona Estefânia/Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), assim como uma unidade partilhada entre este último e o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL), direcionado para adolescentes e jovens adultos. Nem sempre a resposta é fácil e existem diferenças regionais.

O Hospital Dona Estefânia serve de referência às regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, tem um internamento com 16 camas, com lotação completa. O CHLC refere que “a lotação a 100% é a habitual”. “Temos quase permanentemente uma lista de espera para internamentos programados e também são frequentes situações em espera no Serviço de Observação Pediátrico e na Unidade de Adolescentes (Pediatria).”

Este serviço articula-se com a unidade partilhada que funciona no CHPL desde 2018, onde a resposta está direcionada aos jovens entre os 15 e os 25 anos. O internamento no CHPL tem 20 camas usadas conforme as necessidades – “ou seja, não há um número fixo de camas para psiquiatria pediátrica ou de adultos” – e a taxa de ocupação em janeiro foi de 81%. Mas, no ano passado, houve taxas de 100%.

No final da semana passada, a taxa de ocupação do internamento no CHUC, que tem um total de oito camas, estava nos 87,5%, mas o serviço tem registado, “com alguma frequência, situações de lotação a 100%”.

Já no CHUP, “só ocasionalmente” a taxa de lotação atinge os 100%. Nos primeiros 53 dias deste ano foi de 78%, segundo referem a demora média de internamento “é muito variável e tem picos”.

No que respeita às consultas, o tempo máximo de resposta garantido na prioridade normal não deve superar os 120 dias, mas em alguns hospitais a média de espera – dados de outubro a dezembro de 2022 disponíveis no Portal do SNS – é de 200 dias ou mais.

Em Santarém era de 275 dias, em Leiria 200, em Aveiro 254, em Loures 225 e em Braga 357 dias. Quanto ao número de utentes a aguardar por consulta a 31 de dezembro de 2022, em alguns casos também era extenso. Em Braga eram 419, Loures eram 117, Aveiro 65, Leiria 79 e em Santarém eram 78 utentes.

SO/PÚBLICO

 

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