Ressonância Magnética: o método mais eficaz para detetar cancro da mama

Afinal não é a mamografia o melhor exame de diagnóstico para detetar tumores que podem originar cancro da mama, mas sim a Ressonância Magnética.

As diretrizes atuais da American Cancer Society (ACS) recomendam o rastreamento com ressonância magnética (RM) para pacientes que apresentam risco de cancro de mama igual ou superior a 20% ou 25%.

Por esse motivo, é recomendável a realização do exame de diagnóstico anualmente – não só a este grupo de mulheres, bem como às que têm mutação no gene BRCA ou que têm parentes (de primeiro grau) com essa alteração. No entanto, alguns estudos científicos afirmam que a chave para a prevenção e uma deteção precoce passa por uma maior vigilância.

Segundo a médica radiologista da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, Emily Conant, a RM é muito importante no acompanhamento radiológico de pacientes de alto risco, visto ser um exame bastante mais pormenorizado do que a mamografia.

Durante o XXII Congresso Brasileiro e IX Simpósio Internacional de Mastologia, realizado em abril no Rio de Janeiro, Brasil, a especialista defendeu que é necessário desenvolver um método para que a RM seja de baixo custo de forma a que as mulheres tenham fácil acesso a este método de diagnóstico.

Apesar da mamografia ser um método de rastreamento efetivo para a deteção precoce do cancro da mama em mulheres com risco intermédio, existem investigações que concluem que a sua sensibilidade e consequente deteção diminui em mulheres consideradas de alto risco. Por outro lado, de acordo com a radiologista, a RM apresenta uma taxa de deteção entre os 71% e os 100%.

A comparação entre os diferentes métodos de rastreio em mulheres com risco familiar elevado de cancro de mama foi conduzida no estudo EVA – Evaluation of Imaging Methods for Secondary Prevention of Familial Breast Cancer. A maior taxa de deteção de cancro foi observada com a combinação de RM e mamografia (16/1000). O rastreio através dos exames de RM permite uma maior identificação do cancro num estágio bastante precoce (tumores não invasivos).

Durante a apresentação, a médica explicou que, na população de alto risco, os tumores invasivos têm mais hipóteses de serem detetados na RM, enquanto, entre os encontrados na mamografia, prevalece carcinoma ductal in situ (considerado, por muitos especialistas, como um pré-carcinoma) – estima-se que se um carcinoma ductal in situ não for tratado, poderá, num intervalo de  anos, evoluir para uma lesão mais grave.

A mamografia como exame de rotina em pacientes de alto risco que já fizeram um rastreio prévio através de uma Ressonância Magnética levanta algumas questões.

Os dados de um estudo publicado pelo jornal científico Radiology revelam uma taxa de deteção de tumor de 21,8/1000, aquando da realização da RM,  versus 7,2/1000 na mamografia. O acompanhamento de mulheres consideradas de alto risco resultou na deteção de 45 tumores, não sendo nenhum deles apenas identificado na realização da mamografia. Esta investigação concluiu, portanto, que o rastreamento através de mamografia não deteta mais tumores do que aqueles já previamente descobertos na RM.

Além disso, “a idade para iniciar o rastreamento com RM não está estipulada, podendo começar, entre 25 e 35 anos, para alguns casos, ou 5 a 10 anos antes da idade do familiar mais jovem que teve cancro da mama”.

No entanto, uma coisa é certa: os estudo que vêm sido realizados sugerem uma intensificação da vigilância através da realização da RM duas vezes por ano nas mulheres com historial clínico, tendo em conta que tem vindo a mostrar-se uma mais-valia como exame de diagnóstico precoce de cancro da mama.

Erica Quaresma

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