Oftalmologia e Doença de Alzheimer: como podem estar relacionadas?
A tomografia de coerência ótica, um exame oftalmológico não invasivo, pode auxiliar no diagnóstico de alterações do fundo neural.
No âmbito do Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer (DA), que se assinala a 21 de setembro, é importante reforçar que esta patologia é a causa mais comum de demência e que se caracteriza por um défice cognitivo progressivo. Neste sentido, torna-se relevante conhecer de que modo esta pode ser detetada.
Segundo revelam os especialistas, além do défice de memória e o declínio na aprendizagem, também as queixas visuais são comuns na doença de Alzheimer e têm uma influência muito grande na autonomia e na qualidade de vida dos seus portadores. Neste sentido, vários estudos já sugeriram que o processo neurodegenerativo também pode afetar a retina destes doentes.
Para a imagiologia cerebral destes doentes, a ressonância magnética (RM) é a ferramenta mais utilizada e é a técnica que fornece informação detalhada sobre a estrutura do cérebro. No entanto, segundo explica o presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), Rufino Silva, também a tomografia de coerência ótica (TCO) pode auxiliar na deteção de alterações do fundo neural.
“A TCO é um exame oftalmológico não invasivo que, ao recolher imagens transversais de estruturas da retina, permite a avaliação da integridade do fundo neural, já que a retina representa uma parte periférica do sistema nervoso central”, explicou o professor.
Segundo refere Rufino Silva, “a TCO tornou-se numa ferramenta de diagnóstico generalizada em muitas doenças neurológicas; num dia em que se chama a atenção para a doença de Alzheimer em particular, é importante sublinhar a importância de consultar regularmente um oftalmologista”.
No mesmo sentido, vários estudos já confirmaram que tanto a camada de fibras nervosas da retina peripapilar (à volta da papila ótica) como as medições da espessura macular, avaliadas pela TCO, são capazes de detetar esta perda neuronal associada ao Alzheimer.
Tendo em consideração que o número estimado de pessoas portadoras de demência em 2050 rondará os 152 milhões, os médicos oftalmologistas confirmam a sua disponibilidade para auxiliar na manutenção da qualidade de vida e da saúde visual destes doentes.