26 Mar, 2021

Número de doentes à espera de cirurgia há mais de um ano aumentou 54%

São mais 19 mil pessoas do que em janeiro de 2020. Está a aumentar também o número de inscritos que veem ultrapassado o tempo máximo de resposta para cirurgia.

No final de janeiro deste ano, mais de 54 mil pessoas aguardavam por uma cirurgia no SNS há mais de um ano, o que representa um aumento de 54% em relação aos doentes nesta situação em janeiro de 2020 (quando estavam inscritas cerca de 35 mil pessoas), avança o jornal Público.

No primeiro mês deste ano “existiam 54.592 utentes a aguardar cirurgia há mais de um ano, o que corresponde a 20,5% do total de utentes inscritos em LIC [lista de inscritos para cirurgia]”, adianta a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). São mais 19 mil pessoas do que há um ano.

Logo em Maio do ano passado, depois do primeiro estado de emergência que suspendeu toda a atividade programada não urgente, o número subiu para quase 45 mil utentes. E continuou a aumentar até aos 54 mil utentes de janeiro de 2021.

O cenário só não é mais negro porque a referenciação dos centros de saúde para consulta hospitalar foi muito afetada por causa da pandemia (uma quebra de 30 a 50%), limitando, a jusante, a inscrição dos doentes nas listas de espera para cirurgia.

Do total de doentes inscritos (216 mil) no final de janeiro, 38,6%, isto é, mais de 83 mil pessoas viram ultrapassados os tempos máximos de resposta garantidos (TMRG) para uma cirurgia no SNS. Este indicador também se agravou, uma vez que, no início de 2020, a percentagem de pessoas à espera há mais tempo que o recomendado era de 32% e no início de 2019 era de cerca de 30%.

Os tempos de espera dividem os doentes como muito prioritários, prioritários e de prioridade normal. Um doente muito prioritário, seja oncológico ou não, tem um TMRG de 15 dias. No caso dos prioritários, o TMRG pode durar 45 dias para doentes com cancro e 60 dias para os restantes. A espera na prioridade normal vai até aos 180 dias para os não oncológicos, reduzindo para um terço nos oncológicos.

Para contornar o avolumar do período de espera, a ACSS emite vales-cirurgia e notas de transferência, quando os TMRG se aproximam do fim, mas mantém-se a fraca aceitação dos utentes. Em janeiro deste anos, por exemplo, foram emitidas 23.169 requisições, tendo sido aceites apenas 13,8%.

SO

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