12 Ago, 2022

Monkeypox: África CDC em negociações “muito avançadas” para obter vacinas

Este ano foram relatadas mais mortes pelo vírus Monkeypox no continente africano do que em qualquer outro lugar do mundo.

O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) disse hoje que há “negociações muito avançadas” com, pelo menos, dois parceiros para o continente africano, ainda sem, poder vir a ter a vacina contra o vírus monkeypox.

O diretor interino da agência de saúde pública dependente da União Africana (UA), Ahmed Ogwell, disse que não poderia dar detalhes sobre as negociações, mas adiantou que os parceiros são “instituições, em grande parte, multilaterais e governos não africanos”. Não há discussões com o setor privado porque todas as doses disponíveis já foram compradas pelos países, sublinhou.

Ahmed Ogwell sublinhou, porém, que já há um ensaio clínico para uma vacina, Jynneos, em andamento na República Democrática do Congo (RDCongo), que está sob autorização de uso emergencial. A vacina, de duas doses, é considerada até agora a principal arma médica contra a doença, mas a sua disponibilidade é limitada. O África CDC não respondeu imediatamente a uma pergunta sobre os detalhes deste ensaio.

Até agora foram relatadas mais mortes pelo vírus monkeypox, vulgarmente designada como varíola dos macacos, no continente africano este ano do que em qualquer outro lugar do mundo.

Desde maio, quase 90 países registaram mais de 31.000 casos. Mas pelo menos 2.947 casos de varíola foram registados em 11 países africanos no ano em curso, incluindo 104 mortes, embora a maioria dos casos sejam suspeitos, porque o continente africano também carece de recursos de diagnóstico suficientes para testes completos, disse o diretor do África CDC.

A falta de doses de vacinas e a escassez de meios de diagnóstico são os desafios que os 54 países da África enfrentaram durante meses em relação à covid-19, enquanto os países mais ricos de outros continentes corriam para garantir suprimentos.

O diretor do África CCD falava num momento em que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está na etapa final de uma visita a três países africanos, onde articulou uma nova estratégia de Washington para se envolver com as nações da África subsaariana como “parceiros iguais”.

No início desta semana, Blinken esteve na RDCongo, que tem muitos dos 136 novos casos de monkeypox relatados em toda o continente, na semana passada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS)classificou o surto crescente da outrora rara doença da varíola dos macacos como uma emergência internacional em julho e os EUA declararam emergência nacional na semana passada.

Fora de África, 98% dos casos ocorrem em homens que têm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo.

Com um cenário global limitado de vacinas, as autoridades estão a correr para tentar deter a varíola dos macacos antes que se torne enraizada.

A disseminação da varíola geralmente requer contacto pele com pele ou boca com as lesões de um paciente infetado. As pessoas também podem ser infetadas através do contacto com roupas ou lençóis de alguém que tenha lesões de varíola.

A maioria das pessoas infetadas com varíola consegue recuperar sem tratamento, mas pode causar sintomas mais graves, como inflamação cerebral e, em casos raros, morte.

A versão da varíola dos macacos que se espalhou na Europa e na América do Norte tem uma taxa de mortalidade menor do que a que circula em África, onde as pessoas adoecem principalmente após o contacto com animais selvagens infetados, como roedores e esquilos.

LUSA

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