24 Fev, 2021

Médicos temem não haver profissionais para realizar testagem em massa

DGS ainda não esclareceu que profissionais vão fazer testes em lares, escolas ou fábricas. Se a tarefa recair sobre os centros de saúde, a capacidade será "muito reduzida", dizem os médicos de família.

Tanto os médicos de família como os médicos de saúde pública não sabem com que recursos vai ser efetivada a testagem em massa – anunciada pela DGS há quase duas semanas. Faltam orientações para o terreno, alertam, uma vez que ainda não se sabe a que profissionais vai caber a tarefa de fazer testes de forma regular em lares, escolas, fábricas e outras instituições, como está definido na nova norma da DGS.

A diretora-geral de Saúde garante que Portugal tem capacidade instalada para realizar até 100 mil testes por dia. No entanto, os médicos temem que a nova estratégia de testagem seja mais uma tarefa” a cair sobre os centros de saúde”, já sobrecarregados com a atividade assistencial normal e o processo de vacinação em curso.

“Ainda aguardamos indicações”, diz Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), ao SaúdeOnline. O médico avisa que,” se esta tarefa for atribuída aos profissionais dos centros de saúde, a capacidade será muito reduzida“.

“O processo de vacinação (de gestão das listas, das convocatórias, etc) recaiu todo sobre nós. Se nos pedirem para ir fazer testes a empresas, escolas, prisões e outros locais, como está na norma, não conseguiremos fazer a testagem e todas as outras atividades. É impossível fazer tudo“, frisa Nuno Jacinto.

Nuno Jacinto critica a falta de coordenação da DGS com os restantes organismos, o que impede que as normas sejam postas em prática de forma eficaz. “Seria bom que, quando as normas são feitas, fosse logo pensada a forma como devem ser implementadas, para que, depois, não andemos ’em cima da hora’ a tentar perceber a melhor forma de as executar – e se é sequer possível executá-las”, sublinha.

A mesma crítica de falta de planeamento é feita pelo presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública. “Lança-se e depois logo se vê. Tem sido assim o combate à pandemia desde o início”, diz Ricardo Mexia, ao DN.

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