14 Abr, 2020

Médicos do Curry Cabral alertam que há 15 doentes a precisarem de tratamento urgente

Os médicos do Centro Hepato-bilio-pancreático do Hospital Curry Cabral lamentam a falta de definição no hospital em torno do circuito destinado aos doentes para transplantação.

“O Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHULCnão diz se quer o circuito alternativo devido à pandemia de covid-19. Há muitos doentes do foro do Centro Hepato-bilio-pancreático no Hospital de São José. São 15 doentes que não vêm para o Curry Cabral, não são tratados e nem são bem orientados. Não se percebe porquê”, disse à Lusa fonte do corpo clínico lamentando que se mantém a falta de respostas definitivas desde a semana passada.

Posição diferente tem o Centro Hospitalar de Lisboa Central, referindo que “não há doentes das especialidades daquele serviço no Hospital de São José, nem está prevista qualquer deslocação de doentes do Hospital Curry Cabral para o Hospital de São José”.

O Centro Hospitalar, contactado pela Lusa, afirma que “estão agendadas cirurgias para todos os dias desta semana no bloco do Curry Cabral e ainda ontem se realizou um transplante”.

“O bastonário da Ordem dos Médicos disse que ia atuar para saber como os doentes estavam a ser orientados mas estamos nesta situação”, acrescentou a mesma fonte do corpo clínico do Curry Cabral.

 

Médicos dizem que a recuo da administração não se concretizou

 

A fonte do corpo clínico contactada hoje pela Lusa considera que a administração “tinha recuado” quanto à criação do “hospital covid” e no sentido da manutenção do serviço Centro Hepato-bilio-pancreático recordando que “isso implicava que todos os doentes que entrassem, por exemplo, na urgência do São José teriam o procedimento que se verificava antigamente e imediatamente davam entrada” no Curry Cabral.

Neste momento, isso não está a acontecer”, frisou acrescentando que continuam a faltar respostas quanto ao circuito independente e na aceitação do plano que foi apresentado pelos médicos.

Por sua vez, o Centro Hospitalar considera que “o Plano de Reorganização é do conhecimento de todos os intervenientes, nomeadamente do diretor de área. Esse plano não implicou até à data qualquer alteração. Não foi necessária, por via da evolução da covid-19, qualquer alteração de procedimentos ou circuitos”.

Refere ainda que não houve, por outro lado, “qualquer limitação imposta pelo Conselho de Administração à atividade do Serviço Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação”.

Na quinta-feira, o secretário de Estado da Saúde garantiu que a saída de serviços do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, por causa da pandemia da covid-19, só acontecerá “de acordo com a evolução do surto e se vier a ser necessário”.

“Se, obviamente, não vier a ser necessário, manteremos, como é óbvio, os serviços nos respetivos locais onde estão atualmente”, afirmou António Lacerda Sales na conferência de imprensa diária para acompanhamento da pandemia.

Na quinta-feira,​ o corpo clínico do Centro Hepato-bilio-pancreático e de Transplante do Hospital Curry Cabral demonstrou em carta aberta o apoio ao diretor do Serviço de Cirurgia Geral e Transplantação, Américo Martins que entretanto se demitiu em protesto, pela não aplicação da proposta dos médicos sobre a criação das áreas isoladas.

“A rejeição pelo Conselho de Administração do CHULC desta proposta, que defende intransigentemente o interesse dos doentes covid-19 positivo e negativo, levou ao pedido de demissão de Américo Martins do cargo de diretor do Centro Hepato-Bilio-Pancreático e Transplantação da Área da Cirurgia”, referia a carta aberta enviada à administração da unidade hospitalar.

Por este motivo, o corpo clínico apelava às entidades competentes para que intercedam junto da tutela para evitar o desmantelamento de um dos “maiores centros de referência do país e da Europa”.

A carta aberta refere que o Hospital Curry Cabral possui instalações que permitem circuitos independentes com bloco operatório (incluindo recobro e Unidade de Cuidados Intensivos), consulta, internamento e exames complementares para doentes covid-19 positivos e negativos sem necessidade de quaisquer obras.

Segundo os médicos, “estes circuitos permitiriam tratar de forma separada e segura os dois grupos de doentes”.

SO/LUSA

 

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