2 Jun, 2023

Internamentos sociais no SNS sobem 60% e aumentam custos associados

Lisboa e Vale do Tejo e Norte são responsáveis por mais de 8 em cada 10 casos de utentes internados de forma inapropriada, de acordo com o 7.º Barómetro de Internamentos Sociais.

“Os internamentos sociais, que representavam, em março, 9,4 % do total de internamentos nos hospitais públicos, têm um custo anual de mais 226 milhões de euros”, pode ler-se no comunicado enviado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), responsável pelo estudo.

Os internamentos inapropriados nas unidades hospitalares do SNS aumentaram este ano, assim como os custos associados, por causa de atrasos na admissão na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI).

“Em março, estavam internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses 1675 pessoas, o que traduz um aumento de 60% face ao mesmo mês do ano passado, quando os internamentos sociais totalizavam 1048.”

Estes casos, que à data da recolha dos dados (20 de março de 2023) representavam 9,4% do total de internamentos nos hospitais nacionais (excluindo unidades psiquiátricas), têm um custo estimado de quase 52 milhões de euros para o Estado – era de 19,5 milhões em março de 2022.

“Extrapolando este cenário para o total do ano de 2023, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro de mais de 226 milhões de euros”, alerta-se.

Para Xavier Barreto, Presidente da APAH, voltou-se “a recuar” neste tipo de respostas. Por isso, defende que “é urgente recuperar soluções concertadas entre os setores da saúde e da segurança social, encontrando respostas adequadas para estes doentes”.

 Continuando:Por uma questão de eficiência e boa gestão dos recursos públicos, mas acima de tudo de qualidade dos cuidados prestados, importa ainda revisitar os investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência para se perceber em que medida contribuem para responder a este desafio de saúde pública e social”.

Para Lélita Santos, Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), as causas principais do problema foram “já repetidamente identificadas e, sem dúvida, estão muito dependentes do setor social”.

“A experiência durante o período da pandemia, em que a Segurança Social conseguiu encontrar soluções que resultaram na diminuição não só do número de internamentos inapropriados como nos tempos de permanência indevida nos hospitais, não teve continuidade”, acrescenta.

Os idosos são os mais afetados por este problema, daí que Júlia Cardoso, Presidente da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS), defenda um novo tipo de organização.

“Um modelo que seja eficiente do ponto de vista financeiro, sendo que uma parte dos encargos com a resposta quer em ERPI quer na RNCCI pode e deve ser assegurada pelos milhões de euros que são atualmente gastos nos hospitais com o prolongamento dos internamentos, como se verifica pelos dados em análise.”

O Barómetro contou com a parceria da EY e o apoio institucional da SPMI e da APSS.

Texto: Maria João Garcia

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