20 Ago, 2020

Hospitais do SNS recuperam 75% das primeiras consultas face a abril

Contudo, números de primeiras consultas ainda estão longe dos do início do ano. Recuperação não é uniforme em todas as unidades.

Em junho, foram realizadas quase 233 mil primeiras consultas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma recuperação de 75% face as menos de 133 mil consultas no mês de abril. Não obstante, para se alcançarem números semelhantes aos de janeiro, era necessário ter realizado mais 96.650 consultas.

Em janeiro, registavam-se 329.617 primeiras consultas hospitalares, fundamentais para a realização de novos diagnósticos e processos operatórios. Com a pandemia de Covid-19 a atividade sofreu um grande decréscimo. Em abril, registavam-se menos 60%, com a suspensão da atividade não urgente.

Os dados referentes ao mês de junho, disponíveis no Portal do SNS, assinalam uma melhoria no acesso ao SNS. Melhoria essa que ocorre ainda antes dos efeitos da aplicação de incentivos de 7,7 milhões para recuperação de primeiras consultas, através do Programa de Estabilização Económica e Social, cuja portaria para operacionalização foi publicada há um mês.

Todavia, a recuperação não é uniforme por todo o país. O Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central (CHULC) realizou em junho cerca de 17 mil primeiras consultas, ficando um pouco abaixo da realidade verificada em janeiro. Outro exemplo é a Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos, que realizou pouco mais de três mil, em comparação com as 7.150 de janeiro.

Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), acredita que estas discrepâncias estão relacionadas com “a capacidade organização, os, a motivação dos profissionais, se os hospitais foram mais ou menos afetados pela pandemia”.

Na perspetiva do responsável, o “preocupante é que hospitais que tiveram muito pouca Covid ainda não tenham conseguido recuperar os níveis de atividade”, adicionando ainda que a aproximação do Inverno poderá abalar tudo novamente.

Alexandre Lourenço, lembra que o processo de recuperação de consultas hospitalares também terá de passar também pela recuperação dos cuidados primários, a fonte de referenciação. Sobre isto, a Ordem dos Médicos (OM) já tinha relatado que entre março e maio tinham sido realizadas menos cerca de três milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, por comparação ao ano anterior.

O representante Alexandre Lourenço acrescenta que existe “um distanciamento grande entre as necessidades reais e as necessidades expressas, manifestada através de pedidos de consulta, por várias razões, quer pelas limitações dos serviços, quer pela desconfiança que ainda existe dos doentes”. São “dois fatores que estão a afetar a procura e a oferta de cuidados”, sublinha.

Contactados pelo jornal Público, tanto o CHULC como a ULS Matosinhos referem estar a levar a cabo esforços para recuperar a atividade, alargando o horário de consultas, utilizando os mecanismos do Programa de Estabilização Económica Social, entre outras medidas. Ainda assim, o CHULC afirma que os pedidos de consulta ainda são menores comparados com os do ano anterior, estando a aumentar de forma gradual.

Feitas as contas, o aumento das primeiras consultas para quase 233 mil permitiu também a recuperação de consultas hospitalares no geral, que em junho foram quase 805 mil, mais 33,5% do que em abril.

Recorde-se que as consultas hospitalares, entre o início do ano e o final de maio, face ao período homólogo em 2019, tinham sofrido uma quebra de 902 mil consultas, das quais 371 mil eram primeiras consultas.

Público/SO

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