Heranças de família: Trauma e a Saúde Mental das famílias do século XXI
Psicóloga na MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense

Heranças de família: Trauma e a Saúde Mental das famílias do século XXI

Nos últimos anos, a ciência psicológica tem vindo a estudar o conceito de trauma intergeracional, numa tentativa de compreender as fragilidades na saúde mental que acompanham diferentes gerações de famílias.

E o que é o “trauma intergeracional”? Apesar da discussão mais recente da ciência psicológica sobre este conceito, esta expressão foi introduzida no ano de 1966 por Vivian Rakoff, um psiquiatra americano que desenvolveu investigações com crianças descendentes de pessoas sobreviventes do Holocausto.

Nos seus estudos, em sintonia com tantas outras investigações que seguiram este trabalho pioneiro, o referido psiquiatra chegou à conclusão de que as crianças cujos ascendentes (pais, avós, bisavós) tinham sido vítimas de experiências traumáticas (por exemplo, vítimas do Holocausto) apresentavam sintomas de depressão e perturbações do comportamento (impulsividade, agressividade).

Recentemente, a Associação Americana de Psicologia definiu que estamos perante um trauma intergeracional quando o descendente de uma pessoa que viveu uma experiência traumática apresenta reações emocionais e comportamentais semelhantes às do ascendente/familiar.

E que experiências traumáticas são estas? Por exemplo, experiências de abuso na infância (psicológico, físico e/ou sexual), exposição a violência doméstica, prisão de um dos progenitores, divórcio conflituoso, perturbações associadas ao uso de drogas e álcool.

E como são transmitidas entre gerações? Uma revisão bibliográfica de 2018, concluiu que podem existir diferentes fontes de transmissão do trauma, nomeadamente: modificações no ADN; experiências vividas no útero da progenitora pelo bebé; o desgaste emocional associado à vivência de vários eventos de carga emocional negativa na família (por exemplo, agressões físicas e psicológicas); narrativas familiares associadas a sofrimento; normalização do ódio e práticas de crueldade pelos adultos.

Matt Boland, psicólogo especialista em trauma e doença mental, resume que a transmissão pode acontecer mediante experiências precoces, as quais foram partilhadas pela nossa família, desde o nosso nascimento até à vida adulta e que contribuíram para a formação da nossa identidade. Viver com uma pessoa traumatizada pode ser, por si só, um trauma, bem como que as crianças aprendem por observação e replicam o comportamento dos modelos de referência. Neste sentido, existe um risco elevado de uma criança que assistiu a violência doméstica, aquando da vida adulta, poder vir a ser uma vítima ou agressor.

Desta forma, predomina a questão: que traumas carrega da sua família? Que experiências adversas da sua infância a fazem reagir no presente como uma criança assustada? Não podemos mudar o passado, mas podemos mudar o futuro. Peça ajuda psicológica, não se encontra sozinho(a). Na MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, encontra uma equipa especializada e que realiza consultas online ou presenciais, num espaço seguro de partilha, onde pode descobrir como quebrar ciclos familiares disfuncionais.

*As explicações são de Sofia Gabriel e Mauro Paulino, psicólogos na MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, Revisores Técnicos da Edição Portuguesa do livro “A Mensagem das Lágrimas – Guia para Lidar com o Luto”

 

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