Há (de novo) mais de um milhão de pessoas sem médico de família
Carência está a agravar-se desde fevereiro com o aumento do número de aposentações dos médicos de família.
Numa época em que se impõe um reforço significativo nos cuidados de saúde primários, de modo a recuperar-se a atividade nos centros de saúde que se perdeu no período de pandemia, o número de utentes sem médico de família atribuído aumentou para mais de um milhão de pessoas, adianta o Público.
De acordo com os dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em junho, cerca de 1 057 839 utentes não tinham médico de família atribuído, o que representa 10% do total de inscritos. Esta cifra já tinha sido atingida em setembro de 2020, quando já não havia registo de tantos portugueses sem médico de família desde julho de 2016.
Em outubro, com a colocação de recém-especialistas nos centros de saúde, a carência baixou mas, a partir de fevereiro, têm vindo a aumentar, de novo, os doentes a descoberto. A explicação para o retomar da subida está na aceleração das reformas, prevista para este ano e 2022, de muitos especialistas em Medicina Geral e Familiar. Só até maio deste ano, 131 médicos de família saíram do SNS.
“É urgente libertar os médicos de família para o acompanhamento de doentes não covid”, reforça o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, mencionando a necessidade de contratação de “médicos fora do sistema”.
A região mais afetada continua a ser a de Lisboa e Vale do Tejo, onde mais de 700 mil utentes não têm médicos de família.
“O SNS acaba por não ser atrativo e, tendo em conta a forma como os médicos de família têm sido tratados, há muitos que optam por seguir outras opções”, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, em declarações à TSF. Antecipa-se, desta forma, que fiquem muitas vagas por preencher no concurso de primeira época recentemente aberto para a colocação de médicos. Em 2020, quase 30% dos lugares não receberam candidaturas.
SO