10 Abr, 2017

Gravidez na Doença Inflamatória Intestinal pode correr bem se a doença for controlada

A gravidez é uma das questões que é levantada no caso de doentes com doenças inflamatórias. Mas, segundo Joana Torres, tudo pode correr bem se a doença for controlada

Em entrevista à Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG) na Reunião Monotemática SPG 2017, Joana Torres, gastrenterologista no Hospital Beatriz Ângelo falou sobre a sexualidade, fertilidade e gravidez na Doença Inflamatória Intestinal (DII).

Segundo a médica, a DII é tipicamente diagnosticada durante a adolescência e início da vida adulta, sendo uma das alturas em que os doentes estão a desenvolver a noção de sexualidade, de relações intimas, iniciando assim a questão da fertilidade, planeamento familiar, entre outros.

“É uma doença que pode ter um grande impacto na esfera da qualidade de vida dos doentes e nós gastroenterologistas nem sempre estamos muito treinados para determinados aspetos, especialmente para a sexualidade, mas temos de ter a noção que somos o único médico que por vezes vê o doente e temos de tentar criar um espaço de diálogo, sobretudo nos doentes adolescentes que por vezes é difícil para eles falarem sobre estes assuntos. Para tentar ajudar, orientar e referenciar o doente a quem os pode ajudar”, explicou a Joana Torres.

Falta de informação sobre fertilidade e gravidez

As questões da fertilidade e da gravidez nos doentes de DII são para a médica muito importantes, porém os utentes continuam a estar mal informados de uma maneira geral, pois na Internet com frequência as informações são contraditórias.

“Os nossos colegas obstetras também, muitas vezes, não conhecem as particularidades da doença inflamatória, especialmente no diz respeito ao manuseamento dos fármacos durante a gravidez. Portanto, mais uma vez temos de ter uma atitude pró-ativa e indo regularmente discutindo estas questões com os doentes, tentar perceber quando é que elas estão a pensar em engravidar e orientá-las e instruí-las a falarem connosco quando tiverem planos para iniciar família, porque há fármacos que podemos ter de interromper como é o caso do metotrexato”, disse a gastrenterologista.

Entretanto, na maior parte dos casos a gravidez em doentes com doenças inflamatórias “corre bem, desde que a doença esteja controlada”. Ou seja, parte dos médicos, mais uma vez, ter uma atitude pró-ativa em tentar controlar e alcançar a remissão, antes de a gravidez acontecer, aumentando a probabilidade de tudo correr bem nesta altura da vida que segundo a especialista, se é “uma altura de grande ansiedade para uma mulher, normalmente, o que dirá para uma mulher com uma doença inflamatória”.

Tratamentos e fármacos

No que diz respeito aos fármacos, que são de extrema importância ao longo da gravidez e da amamentação, a maioria dos medicamentos utilizados “são fármacos seguros, com algumas execões”.

“É claro que no que diz respeito a fármacos biológicos, que são fármacos que utilizamos há relativamente pouco tempo, ainda se está a acumular muita informação de segurança, parecem seguros, mas é uma informação que devemos partilhar com os doentes. De forma atualizada explicar-lhes a evidência que há disponível no momento em que elas estão grávidas e tomar uma decisão partilhada com a doente, ou seja, sobre a vontade que ela tem de continuar ou não, desde que a doente esteja em remissão”, disse Joana Torres.

De uma forma geral, em mulheres que têm a doença controlada corre tudo bem, de qualquer forma é importante manter um diálogo constante entre o gastrenterologista, o obstetra que segue a doente e depois também com o pediatra que vai seguir o bebé, porque há vacinas que podem estar contraindicadas na fase inicial de vida da criança.

SPG/SO/CS

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