12 Jan, 2022

Gestão da pandemia nos centros de saúde. “É inadiável mudar os procedimentos”

A fase da pandemia mudou, mas os médicos de família continuam presos à gestão da covid-19, no acompanhamento dos casos positivos e contactos, nos centros de vacinação e nas ADR. Grávidas, recém-nascidos e doentes crónicos permanecem sem acesso a cuidados.

“O seguimento por telefone de doentes pouco ou nada sintomáticos não faz sentido. Não podemos atuar como se nada tivesse mudado, como se quase todos não estivessem vacinados e a maioria dos mais frágeis já com dose de reforço”.

Quem o diz é o especialista de Medicina Geral e Familiar (MGF) e membro fundador do Observatório Português dos sistemas de Saúde, José Luís Biscaia, em declarações ao jornal Expresso, defendendo que “é inadiável mudar os procedimentos”.

Os médicos de família (MF) queixam-se de “estar a olhar para as paredes na vacinação-covid e a telefonar a infetados com o nariz entupido” e numa altura em que se espera para os próximos dias um pico máximo da infeção por covid-19 em território nacional, continua a ser sacrificada a atividade assistencial a doentes crónicos, grávidas e outros doentes nos cuidados de saúde primários (CSP) por uma gestão da pandemia também ela deficiente, desatualizada e inviável nos moldes atuais.

“Temos uma conflitualidade entre o político, o técnico e o normativismo da Direção-Geral da Saúde (DGS) e temos de dar resposta a todos, com e sem covid”, adiantou, a este mesmo propósito, ao referido semanário, o MF e coordenador para a área dos CSP, João Rodrigues.

De acordo com o responsável, as soluções são unânimes e do conhecimento da ministra da Saúde, Marta Temido, e da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. “É preciso acabar com o isolamento profilático dos vacinados com contacto de risco e apenas devem fazer teste se apresentarem mais do que um sintoma”, defende João Rodrigues, sustentando, ainda, que “os MF só devem fazer vigilância de positivos e é preciso criar um simplex para as baixas: um teste positivo dá automaticamente uma baixa, que termina sem precisar de alta, exceto se o médico decidir em contrário após observação do doente, pois isto consome 25% do trabalho diário do médico”.

SO

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