12 Abr, 2017

“Estamos todos os dias a assistir à degradação acentuada das condições de trabalho”

O dirigente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) avisa que os médicos avançarão mesmo para a greve, marcada para os dias 10 e 11 de maio, fazendo-o de forma responsável com o cumprimento de serviços mínimos

Os sindicatos médicos anunciaram ontem, no final de um encontro do Fórum Médico em Lisboa, que vão avançar para uma greve nacional nos dias 10 e 11 de maio.

Os sindicatos estão contra a falta de concretização de medidas por parte do Governo e têm reclamado a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias para todos os médicos.

Na segunda-feira, divulgaram uma carta ao ministro da Saúde na qual mostravam o desagradado pela proposta de calendário e temas de negociação entre Governo e estruturas sindicais.

“As promessas ministeriais continuam a não ter tradução em atos concretos e em medidas de solução dos problemas existentes. As reuniões ditas negociais não passam de simulacros e de passar o tempo”, afirmam os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), numa nota divulgada aos jornalistas no final do encontro.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, lamentou que, em mais de um ano de reuniões, as negociações com o Governo tenham sido até agora inconsequentes.

“As razões têm a ver com o não cumprimento de um conjunto de promessas estabelecido e fundamentalmente com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos seus profissionais”, disse em declarações aos jornalistas.

Também o presidente da FNAM, Mário Jorge Neves, disse que as sucessivas reuniões entre sindicatos e Governo não se têm traduzido em nada de palpável, considerando que os médicos foram empurrados para a greve.

“Estamos todos os dias a assistir à degradação acentuada das condições de trabalho, à degradação da capacidade de resposta de um serviço público de saúde. Perante esta situação e uma ausência de resultados concretos na negociação, os sindicatos médicos foram obrigados, pelo comportamento do Ministério da Saúde, a recorrer a uma forma de luta como é a greve”, afirmou Mário Jorge Neves aos jornalistas.

O dirigente da FNAM avisa que os médicos avançarão mesmo para a greve, fazendo-o de modo responsável, com cumprimento de serviços mínimos.

“Os problemas graves com que o SNS está confrontado resolvem-se de muitas maneiras mas não se resolvem com propaganda”, vincou ainda Mário Jorge Neves.

Relativamente à reposição do pagamento das horas extraordinárias, o secretário-geral do SIM diz que se trata de acabar com uma discriminação contra os médicos, uma vez que desde 1 de janeiro que todos os outros funcionários das entidades públicas empresariais (como os hospitais EPE) têm o pagamento reposto a 100%.

Os médicos estão a receber apenas 50% pelas horas extra que realizam desde 2012 e tinham a expetativa de ver reposto o pagamento integral este ano.

Roque da Cunha sublinha contudo que a questão das horas extra é apenas um dos muitos motivos que levam os profissionais à greve, invocando a degradação da qualidade do SNS ou a necessidade de contratação de mais profissionais.

LUSA/SO/SF

 

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