Médicos acreditam cada vez menos na ministra, diz bastonário
Miguel Guimarães antecipa uma adesão à greve "muito elevada" e diz que "atitude negativa" da ministra está a gerar revolta.
Miguel Guimarães antecipa uma adesão à greve "muito elevada" e diz que "atitude negativa" da ministra está a gerar revolta.
FNAM e SIM dizem estar “admirados” com o aumento do número de médicos que aderiram ao último dia de greve, “nomeadamente no norte”. As duas estruturas sindicais acusam o Governo de não negociar com os médicos e pediram que o parlamento interceda no processo.
Segundo a FNAM e o SIM, o segundo dia de greve dos médicos, que decorreu esta quarta-feira, registou uma “expressiva adesão” à greve, “com várias unidades com adesões de 100%, maioria dos blocos operatórios com paragem da atividade na ordem dos 90% e unidades dos cuidados de saúde primários com adesão superior a 80%”. Sindicatos acusam o Governo de “inqualificável insensibilidade”.
Segundo João Proença, dois agrupamentos de centros de saúde tentaram obrigar os médicos internos a uma ação de formação de três dias. Se não comparecessem, teriam falta e não a poderiam repetir no próximo ano. Já no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, cuja adesão dos trabalhadores à greve foi total, terá ocorrido uma contratação ilegal - sindicatos vão apresentar queixa no Ministério Público.
No primeiro de três dias de greve, cerca de duas centenas de médicos manifestaram-se em frente ao ministério da saúde. Entoaram palavras de ordem como "Adalberto desaparece, o SNS agradece", cantaram "Berto Chau", numa adaptação da música popular italiana "Bella Ciao", e até houve quem pedisse a demissão do ministro.
A adesão a nível nacional a rondou os 90% nos blocos operatórios e a chegou aos 100% em alguns locais, com os representantes sindicais a afirmarem que “centenas de médicos asseguram serviços mínimos como se um fim de semana se tratasse”. Nas consultas externas hospitalares a adesão era de 75%, enquanto nos cuidados primários chegava aos 85%.
Por todo o país sucederam-se histórias de doentes que se viram obrigados a voltar para trás por não terem médico. Outros, poucos, tiveram sorte diferente. Entre o transtorno e a revolta, a Lusa ouviu criticas ao governo e manifestações de compreensão para com a greve.
Presidente da Federação Nacional dos Médicos diz que ministro "não faz nada porque objetivamente não quer fazer nada” e denuncia casos de internos que "foram obrigados a fazer trabalho para boicotar a greve".
“Este ministro tem sido mais Centeno [ministro das Finanças] do que ministro da Saúde. Todas as atitudes que tem tido é de um ministro da Saúde que desistiu de defender o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Roque da Cunha, presidente do SIM.
Adalberto Campos Fernandes acrescenta que "se os profissionais têm razão na maior parte das coisas que pedem” cabe ao Governo governar. Ministro diz que muitas vezes não é possível aceder a todas as reivindicações