10 Fev, 2022

Dor nos membros inferiores. “O grande desafio, quase sempre, é o de contextualizar” e personalizar o tratamento

“Dor na Perna e Pé” dá título a uma das sessões do Congresso ASTOR – Medicina da Dor, que será moderada pelo fisiatra Afonso de Oliveira Pegado. Em entrevista exclusiva ao SaúdeOnline, o especialista do Hospital Garcia da Orta faz uma antevisão do tema a debate, escrutinando as principais patologias dos membros inferiores, respetivas abordagens e tratamentos.

No Congresso ASTOR vai decorrer uma sessão denominada “Dor na Perna e Pé”, da qual vai ser moderador. Pode dar-nos uma antevisão dos tópicos discutidos nesta mesa?

A grande mensagem do Congresso Astor é mostrar que cada especialista trata dores de diferentes etiologias e contextos, sendo este o principal motivo pelo qual conseguimos reunir pessoas com backgrounds tão diversificados. A cada edição do Congresso ASTOR, este continua a ser o nosso principal foco, pois não nos interessa ter palestrantes de áreas muito específicas, na medida em que não estamos a falar para nichos.

Nesta sessão em específico, vamos abordar não só a questão do diagnóstico das patologias mais frequentes, mas também as opções terapêuticas existentes. Vamos falar um pouco daquilo que fazemos no nosso dia a dia, mas também dar a oportunidade de todos aprendermos com visões diferentes. O objetivo é sairmos deste congresso todos um pouco mais ricos.

Relativamente à sua experiência decorrente da prática clínica, quais considera serem atualmente os desafios ao nível da dor nos membros inferiores?

O grande desafio é quase sempre o de contextualizar e, de acordo com o doente que nos aparece à frente, arranjar as melhores armas terapêuticas para os seus objetivos específicos, melhorando o máximo possível o seu dia a dia e qualidade de vida. Uma coisa é ser um atleta outra é ser um idoso… Ambos podem ter uma fasciite plantar ou uma tendinite no tendão de Aquiles e, de acordo com isso, as abordagens muitas vezes são semelhantes, mas também podem divergir.

De uma forma mais generalizada, quais são as patologias que mais frequentemente causam esta dor crónica e/ou aguda nos membros inferiores?

Quando nos referimos à perna e ao pé os três principais grupos de doenças passam pela patologia vascular, patologia neurológica e patologia osteoarticular.

No que toca ao pé, as mais frequentes são a fasciite plantar, a patologia degenerativa da artropatia do tornozelo. Outras patologias como o neuroma de Morton ou o hálux valgo, são também bastante frequentes. Nesta sessão vamos abordar também a questão dos desvios e das alterações biomecânicas e o seu papel no tratamento destas patologias.

Quando falamos da perna, além da patologia vascular, e mais num contexto desportivo, temos as roturas musculares e tendinosas.

Qual é o papel que o fisiatra tem neste contexto?

O fisiatra acaba por assumir um papel integrador, pois a Medicina Física e Reabilitação é uma vertente que trabalha com várias áreas desde a Fisioterapia, a Terapia Ocupacional, a Enfermagem e até a Psicologia. A Fisiatria engloba ainda várias áreas terapêuticas, sejam estes os procedimentos não invasivos, seja a prescrição de ortoses.

De momento quais são as estratégias terapêuticas utilizadas no contexto de patologia dos membros inferiores?

De uma forma resumida podemos indicar que as três principais estratégias são a analgesia, a correção biomecânica e a adaptação do espaço/meio ambiente. Na analgesia podemos falar da prescrição medicamentosa, de realização de procedimentos minimamente invasivos, podemos falar também de fisioterapia. É também cada vez mais reconhecido o papel da correção biomecânica, nomeadamente no tratamento destas patologias e prevenção de agravamento. No ponto da adaptação e do meio envolvente, nas atividades de vida diária, podemos auxiliar o doente através da prescrição de produtos de apoio ou de reformulação do espaço, com vista a facilitar o acesso ao maior número de atividades.

SO

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