Doentes recusam encaminhamento das urgências para os centros de saúde
A maioria dos projetos de reencaminhamento não teve sucesso por falta de adesão dos doentes, que acreditam que terão uma melhor resposta no hospital
Nos pouco hospitais que oferecem esta alternativa, os doentes têm-se recusado a serem encaminhados das urgências para os centros de saúde, mesmo com consulta no próprio dia ou no dia seguinte. De acordo com o Jornal de Notícias, os utentes negam a saída dos serviços de urgência porque acreditam que ali vão ter uma melhor resposta.
A maioria dos projetos de reencaminhamento dos doentes não urgentes (triados com pulseira azul ou verde nas urgências) para os cuidados primários falhou, sobretudo devido à recusa dos doentes em saírem do local onde acreditam que terão melhor resposta ao seu problema. Para além disso, os doentes dizem não querer fazer uma nova deslocação e apontam ainda a falta de meios complementares de diagnósticos nos centros de saúde como um obstáculo.
Nos primeiros três meses deste ano, apenas um doentes que se deslocou à urgência do Hospital de S. João foi reencaminhado para o centro de saúde. Quando o projeto arrancou, em janeiro de 2020, a adesão era superior, mas sempre muito aquém do esperado. “No primeiro mês encaminhávamos um doente a cada quatro dias”, revela Nélson Pereira, diretor da Urgência do S. João, admitindo que o “projeto não corresponde às expectativas das pessoas”.
Já o projeto piloto para reencaminhar os doentes não urgentes para os cuidados de saúde primários, que arrancou em 2016 nos hospitais de Barcelos e da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, teve uma taxa de adesão igualmente baixa: menos de um doente reencaminhado por dia. Já em Gaia, o encaminhamento foi retomado, havendo capacidade dos centros de saúde da região para receberem estas pessoas. O mesmo acontece em Matosinhos.
Mais a sul, em Leiria, à fraca adesão dos doentes somou-se a fraca adesão dos centros de saúde, o que fez fracassar o projeto, que, contudo, vai ser retomado.
Um caso de sucesso é o do Hospital de Barcelos, que providenciava uma consulta até ao dia seguinte no centro de saúde em casos de doentes poucos urgentes. Desta forma, foram reencaminhadas mais de três mil pessoas para os cuidados de saúde primários. Interrompido pela pandemia, o projeto deverá agora ser retomado.
SO
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