15 Mai, 2020

Covid-19: Doente critica hospital por “sonegar” informação sobre nódulo no pulmão

Caso diz respeito a uma mulher que sofreu de covid-19 e esteve internada nos cuidados intensivos do Hospital de São João (Porto), entre março e abril.

Devido à covid-19, Ana Loura, de 67 anos, esteve 24 dias internada, entre 12 de março e 05 de abril. Em declarações à Lusa, disse que há um relatório de uma TAC [tomografia computadorizada] do Hospital de São João que fala num nódulo num dos pulmões e aconselha a ser vista e tratada após a crise pandémica, “mas tal nunca é referido na nota de alta” hospitalar, nem sequer oralmente.

“Isso foi-me sonegado pelo Hospital de São João. Já mandei um mail a reclamar e até agora não tive resposta. Mas é um dado importante para quem tem uma alta [hospitalar], que é saber que tem um problema, que pode ter sido provocado pela covid-19, pode ser uma sequela e não vem referido na nota de alta”, criticou.

Ana Loura contou que só descobriu que tem um nódulo e que tem de ser acompanhada após sentir muito cansaço e se ter dirigido ao centro de saúde em Vila do Conde, distrito do Porto.

Contactada pela Lusa, a presidente do Conselho Clínico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Maria José Campos, explicou que recomendou à paciente Ana Loura que deveria ser acompanhada por um pneumologista, acrescentando que “a doente recuperada foi avaliada como utente esporádica” naquele centro de saúde.

 

São João diz não ter capacidade para seguir todos os doentes no pós-alta

 

A Lusa questionou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) e fonte oficial explicou que o acompanhamento de doentes pós internamento por covid-19 prossegue “de acordo com as orientações definidas pela Direção-Geral da Saúde”.

“Existe articulação entre o hospital – Sistema de Gestão de Alta – e a equipa de Saúde Familiar da Unidade de Saúde onde os mesmos se encontram inscritos, para esse efeito”, lê-se numa nota por escrito enviada à Lusa.

Fonte médica do São João explicou à Lusa, por seu turno, que o Centro Hospitalar não tem capacidade para seguir todos os doentes internados no Serviço de Infecciologia, no pós alta hospitalar.

“Numa altura de emergência, com dezenas ou centenas de doentes a aparecerem nos hospitais e com outros doentes em situação de não covid que estão a ser tratados, não podem os hospitais assegurar tudo e mais alguma coisa. As tarefas têm de se dividir”, explicou à Lusa António Sarmento, diretor do Serviço de Infecciologia do São João, assumindo que ali se assegura o tratamento na doença ativa, internando se for grave, e menos grave acompanhando no domicílio.

Numa segunda fase, o acompanhamento tem de ser feito pelo médico do doente, sublinhou António Sarmento.

SO/LUSA

 

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