10 Mai, 2021

Convocatórias para rastreios ao cancro caíram para metade em 2020

Rastreios ao cancro da mama, cólon e reto e do colo do útero foram bastante afetados pela pandemia.

O número de pessoas convocadas para rastreios oncológicos em Portugal caiu para 655 mil em 2020, o que representa uma diminuição de mais de 550 mil chamadas, já que, em 2019, tinham sido convocados mais de 1,2 milhões de portugueses. Estes dados foram adiantados pelo diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde (DGS), José Dinis.

Tal como adianta José Dinis, “o rastreio é crítico, porque permite salvar vidas”. No entanto, a pandemia da covid-19 impediu o sucesso do plano que permite diagnosticar precocemente vários tipos de carcinomas, como o da mama, do colo do útero e do colón e reto.

Relativamente ao rastreio do cancro da mama, realizado na faixa etária entre os 50 e os 69 anos pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) na maior parte das regiões do país (à exceção do Algarve), foram convocadas 276 mil pessoas no ano passado, sendo que, no anterior, foram remetidas cerca de 542 mil convocatórias.

Apesar da quebra significativa nas convocatórias, foi possível recuperar algum atraso nos últimos meses e a taxa de adesão ficou nos 81%. Segundo garante José Dinis, mesmo sendo Lisboa e Vale do Tejo a região mais atrasada, existe a confiança de que em 2021 vai ser possível assistir a uma recuperação apreciável nos rastreios.

No que diz respeito ao cancro do colo do útero, registou-se um aumento da adesão ao seu rastreio. No entanto, enquanto, em 2019, tinham sido referenciadas 12 572 mulheres para consulta hospitalar, em 2020 só o foram apenas 7979, o que pode vir, no futuro, a sobrecarregar o sistema, no sentido em que pode reforçar as listas de espera.

O médico, também responsável da Unidade de Investigação Clínica do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, mostra preocupação relativa à queda de rastreios do cancro do cólon e reto, que desceu de 384 mil, em 2019, para 247 mil, em 2020. Sendo este o diagnóstico que tem maior impacto na sobrevivência dos doentes, uma vez que é o segundo cancro mais mortal, é o rastreio que tem a cobertura mais assimétrica no país e está mais atrasado.

Segundo José Dinis, “a pandemia foi um balde de água fria”. No entanto, ressalta que, apesar desta quebra, a cobertura geográfica aumentou e a taxa de adesão também cresceu, de 34% para 41% em 2020, sendo essencial garantir o cumprimento do objetivo: “que este rastreio chegue a todos os cantos do país”.

Preocupante, é, também, o impacto que a pandemia teve nas cirurgias oncológicas. José Dinis sublinha que o grande problema, que “tem de ser resolvido” assenta nos cancros de pele e na urologia, duas áreas onde os doentes em listas de espera aumentaram. No ano passado, aguardavam cirurgia 5804 doentes oncológicos.

SO

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