10 Mai, 2017

Consultas e análises canceladas no Hospital do Litoral Alentejano

Alguns utentes do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, foram informados hoje, nos serviços hospitalares, de que as consultas externas que estavam previstas para esta manhã teriam que ser remarcadas devido à greve

O movimento à entrada do serviço de consultas externas começou a ser visível a partir das 8 horas. Chegaram alguns utentes, mas pouco tempo depois, voltaram a sair, com a indicação de que não iam ter consulta devido à greve dos médicos. O mesmo aconteceu no serviço de análises clínicas, que terá informado alguns utentes que não seriam feitas as recolhas programadas, à exceção de casos urgentes, por não estarem disponíveis os médicos necessários à validação das análises.

“Vim fazer a recolha de sangue e urina, mas por causa da greve dos médicos não há recolhas, porque os médicos é que avaliam, só fazem análises com urgência”, disse à agência Lusa Cremelo de Lopes, de 69 anos, à saída do hospital.

Apesar do “transtorno” de uma deslocação desde Melides, no concelho de Grândola, onde reside, Cremelo disse “compreender” o protesto dos médicos, especialmente “se estão realmente a atender as urgências”, defendendo que “toda a gente precisa de ter direitos”.

Teresa Manecas, de Vila Nova de Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, chegou ao hospital ainda antes das 08:00 e perto das 09:00 estava de saída sem ter conseguido fazer a consulta de rotina do cancro da mama com o especialista que a acompanha.

“Fiquei a aguardar para saber se tinha consulta, mas foi-me dito agora que o médico está em greve”, disse, assegurando compreender “em parte” a motivação do protesto.

“Devia haver melhores condições de trabalho, por vezes estão ‘de banco’ 48 horas, não é humano para os médicos nem para os utentes, acredito que possa haver erros por causa do cansaço”, argumentou.

Contactada pela agência Lusa, a Comissão de Utentes do Litoral Alentejano afirmou-se “solidária com o protesto” dos médicos, uma vez que, segundo o porta-voz da comissão, Dinis Silva, “além de defenderem direitos enquanto trabalhadores, também estão a defender os direitos dos utentes e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) no todo”.

Além de apontar a falta de médicos de várias especialidades na região, Dinis Silva criticou a “sobrecarga” dos médicos de família que têm “1.900 ou 2.000” utentes nas suas listas, “muito mais do exigido pela Organização Mundial de Saúde”, que aponta para “1.500 utentes por cada médico de família”.

A greve de médicos provocou também o adiamento de consultas no Hospital de S. José, as consultas no hospital do Porto encontram-se com menos movimento, em Vila Real tudo esteve entre aparente normalidade e consultas canceladas, enquanto em Braga a adesão dos médicos à greve “ronda os 95%”.

A greve que começa hoje e termina amanhã,convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos, é um protesto pela ausência de medidas concretas do Governo num conjunto de reivindicações sindicais que têm tentado estar a ser negociadas ao longo do último ano.

LUSA/SO/CS

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