Cancro da mama. 41% dos doentes recorrem a apoio psicológico
Estudo mostra que um em cada quatro doentes revelou ter sentido um grande impacto a nível físico, sexual e na imagem corporal.
O diagnóstico de cancro da mama levou 41% das pessoas a recorrerem a ajuda profissional ao nível da saúde mental, sendo que metade recebeu um diagnóstico de depressão ou outra perturbação mental, revelam os resultados de um estudo da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), hoje divulgados.
Para compreender, junto dos doentes e sobreviventes, de que forma o diagnóstico de cancro teve um impacto na sua vida, foram promovidos 1000 inquéritos (97% mulheres), sendo que a maioria dos inquiridos foi diagnosticada com cancro de mama entre 2011 e 2019, 72% encontra-se em remissão e 24% está atualmente em tratamento. Ainda, 3% do total da amostra encontra-se em cuidados paliativos.
De acordo com a análise, quatro em cada 10 pessoas com cancro da mama sentiram um impacto significativo da doença a nível físico, sexual e na imagem corporal. Ainda, 21,1% dos inquiridos confirmaram terem abandonado o sonho de ter filhos, de viajar (19,8%) ou de escolher um percurso de carreira diferente (19,7%).
O estudo revela ainda que, por causa da doença, um em cada três casos necessitaram de apoio/prestações sociais, mais de 80% do Estado, 10% recorreu à LPCC e 9% ao setor social ou outra instituição.
No entanto, segundo reforça a psicóloga da LPCC, Sónia Silva, no meio da tempestade, muitas mulheres relataram ter esperança. “Pensamos sempre que o cancro se associa só a aspetos negativos na vida, mas há aspetos positivos: há uma experiência de desenvolvimento das pessoas, de crescimento, e este estudo também reflete essa realidade”.
Neste sentido, os dados do inquérito mostram que uma em cada três doentes se sentiu confiante ou esperançosa quando soube que o cancro estava em remissão; 37% dos casos de remissão confirmou ter passado a encarar a vida de forma diferente, 27% a viver de forma mais saudável e 12% envolveu-se em novos projetos/planos.
SO/LUSA