Bipolaridade em crianças: Fatores de risco e sintomas
O distúrbio bipolar é uma doença mental que se caracteriza por alterações extremas de humor e pensamento. Apesar de se desencadear normalmente durante o início da idade adulta, as crianças e os jovens não estão livres do diagnóstico.
Fatores de risco
À semelhança de vários distúrbios de saúde mental, existe um grande número de potenciais causas para a bipolaridade. Os especialistas não conseguem precisar apenas uma única razão que origine este distúrbio. Pensa-se que os fatores que colocam as crianças em risco são o stress, a genética, o uso de álcool e drogas e a biologia.
O stress pode ter um papel do desenvolvimento do distúrbio bipolar em crianças. Mais concretamente, através da forma como uma criança reage a uma situação de elevado stress, pode perceber-se qual o risco de desenvolver este distúrbio. Consequentemente, crianças que vivam situações extremamente stressantes podem estar sujeitas a um maior risco.
No que diz respeito à genética, sabe-se que se houver um familiar com a doença, existe maior probabilidade de a criança a desenvolver. Contudo, alguns estudos indicam que esta não é uma situação de causa-efeito definitiva. Uma criança com pais bipolares pode nunca desenvolver a doença.
O consumo de álcool e drogas pode aumentar as hipóteses de a criança vir a desenvolver o distúrbio bipolar, uma vez que esta patologia está muitas vezes associada à adição a estas substâncias.
As diferenças biológicas constituem também um fator de risco, depois de investigadores terem descoberto que existem diferenças na atividafe cerebral das crianças e adultos que sofram de bipolaridade.
Sintomas
Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Alguns podem ter sintomas em diferentes graus e os mesmos podem alterar-se ao longo do tempo. Durante episódios hipomaníacos maníacos ou menos graves, uma pessoa experimenta um alto nível de humor e energia.
Estes sintomas devem estar associados a três dos seguintes:
- aumento da energia e da atividade
- falar de forma invulgar
- humor anormalmente positivo
- aumento da distração
- reações nervosas
- aumento da sensação de auto-estima e confiança
- dimuição da necessidade de dormir ou incapacidade de dormir
- pensamentos descontrolados e rápidos
- má tomada de decisão
Durante períodos depressivos, a pessoa experiencia uma quebra extrema. Os sintomas de episódios depressivos devem incluir pelo menos cinco dos seguintes:
- dormir demasiado ou insónia
- sentimento de tristeza, vazio e vontade de chorar
- sentimento de incapacidade
- sentimento de culpa
- comportamento lento
- falta de interesse em atividades, incluindo aquelas que normalmente gostava
- oscilações no peso
- diminuição ou aumento do apetite
- inquietação
- cansaço
- falta de energia
- pensamentos ou tendências suicidas
- diminuição da capacidade de concentração
As crianças podem também apresentar sintomas de irritabilidade, raiva e podem não alcançar certos marcos a nível físico, como a altura e o peso normais da idade.
Estes sintomas são, muitas vezes difíceis de identificar, uma vez que as crianças e adolescentes passam por várias fases normais de variação de humor. O stress e o trauma podem também originar sintomas semelhantes aos da bipolaridade, tal como várias outras doenças mentais.
Patologias coexistentes nas crianças
É comum que uma criança tenha mais doenças mentais associadas ao distúrbio bipolar. Em alguns casos, aquilo que acontece é que estas doenças agravam os sintomas da bipolaridade, o que torna o tratamento menos eficaz.
Podem coexistir com o distúrbio bipolar:
- transtorno de ansiedade
- distúrbios alimentares
- dependência de drogas ou álcool
- problemas de coração e obesidade
- défice de atenção/hiperatividade
- autismo
Diagnóstico
O diagnóstico é especialmente difícil nas crianças. Os sintomas de altos e baixos são muitas vezes “avaliados” pelos pais, professores e cuidadores como partes normais do desenvolvimento. Para que seja feito o diagnóstico é necessário analisar os sintomas relativos à mania e hipomania e aos estados depressivos e, de seguida, inseri-los num dos tipos de bipolaridade.
Existem vários tipos de bipolaridade e cada um tem o seu próprio critério de diagnóstico:
O distúrbio bipolar I caracteriza-se pela ocorrência de um episódio maníaco que seja precedido ou seguido de um episódio hipomaníaco ou depressivo. Em alguns casos, as crianças podem experienciar psicose ou um afastamento da realidade.
O distúrbio bipolar II é diagnosticado quando existe pelo menos um grande episódio depressivo e pelo menos um episódio hipomaníaco. Neste tipo, não existem episódios maníacos.
O transtorno ciclotímico ocorre quando a existem vários episódios de sintomas de hipomania e vários períodos depressivos ao longo de pelos menos dois anos. Nas crianças, o período é encurtado para um ano.
Outros tipos incluem períodos de mania ou episódios depressivos induzidos pelo uso de substâncias ou outras condições, como é o exemplo do consumo excessivo de álcool e a esclerose múltipla, que pode causar uma reação bipolar.
Como apoiar a criança
Ajudar uma criança bipolar pode ser, por vezes, frustrante e difícil. É importante garantir um ambiente estável nutritivo para que as crianças se sintam seguras.
Para isso, os pais e cuidadores devem considerar alguns aspetos:
- ser paciente e compreensivo durante as alterações de humor
- procurar e seguir o tratamento
- promover a comunicação, fazendo perguntas e ouvindo a a criança
- encorajar e ser positivo nos trataementos
- ajudar as crianças a divertirem-se
MNT/SF