5 Abr, 2021

Biojam. “O nosso teste tem 97% de sensibilidade, quando a norma exigia apenas mais de 90%”

Nos últimos meses a Biojam Holding Group tem vindo a dedicar-se ao controlo da pandemia, através de serviços de testagem regular.

Criada em 2006, com uma componente hospitalar vincada em produtos de origem biológica, a BioJam Holding Group conta já com múltiplos desenvolvimentos na prestação de serviços de saúde, em áreas como a Oncologia, Anestesiologia ou Medicina Cardiovascular.

Nos últimos meses tem vindo a dedicar-se ao controlo da pandemia, através de serviços de testagem regular. O teste nasofaríngeo Nadal – do fabricante alemão Nal Von Minden e do qual a Bioajm é representante em Portugal – foi considerado pela União Europeia (UE) como o teste covid mais fidedigno do mercado. O seu mais recente produto é um teste rápido para deteção do vírus SARS-CoV-2, através de uma pequena colheita de saliva.

 

A empresa BioJam Holding Group foi criada com o objetivo primordial de produzir componentes de origem biológica. Quão difícil foi iniciar a sua trajetória no mercado português, tendo em conta esta premissa?

Em 2006 iniciei a minha atividade empresarial na área farmacêutica, após já 32 anos de percurso na área. Mas, foi em 2015, após estabelecer como premissa de que não formaria mais nenhuma sociedade, que construí a BioJam e a entrada no mercado foi, de facto, difícil.

O setor farmacêutico é muito exigente ao nível da regulamentação legal e até mesmo de logística. Do meu ponto de vista, ser empresário em Portugal é um ato de grandessíssima loucura, porque a fiscalidade é excessiva. Seria muito mais fácil sediar esta empresa em países com fiscalidades mais amistosas.

Acho que as entidades que gerem o medicamento em Portugal necessitam de ter uma visão mais nacionalista em relação às indústrias portuguesas, pois não queremos ter regimes de exceção. Defendemos, apenas, ter tratamento igual a outras empresas, sejam elas multinacionais ou pequenas-médias empresas.

 

O primeiro medicamento, apresentado pela empresa em 2006, atuava na leucemia linfoblástica aguda. Por que foi esta a área a primeira aposta da marca?

Uma empresa britânica – start-up na altura, hoje fortíssima na área da Oncologia Pediátrica – estava a investigar a mercaptopurina, que mesmo sendo uma molécula antiga, não estava a ser administrada nas doses certas exatas, pois até à data estavam apenas disponíveis comprimidos que tinham de ser cortados para cada criança.

É observável que tinha imensas fraquezas, logo pelo facto de não ser administrada na dose certa e, existir um manuseamento desnecessário de citotóxicos, com todas as desvantagens associadas à sua utilização. Desta forma, o que fizemos foi investigar seringas que permitissem a administração da dose correta, com precisão à micrograma.

Ainda nesse ano, lançámos uma substância também ela um citotóxico que, até ao momento, só podia ser armazenada em frio. E lançámo-lo com a possibilidade de armazenamento à temperatura ambiente.

A visão que tive sempre foi a de implementar inovação. Ao longo dos anos várias foram as empresas que se dirigiram a nós com o objetivo de distribuirmos genéricos, mas com todo o respeito pelos medicamentos genéricos, essa nunca foi a nossa visão estratégica.

 

As áreas da Anestesiologia e da Medicina Cardiovascular são também um interesse demonstrado do grupo. Tencionam vir a explorar ainda mais estas duas áreas clínicas?

Sem dúvida. Durante 2020, a BioJam foi a única empresa, em Portugal, que forneceu os hospitais com um medicamento injetável para a hipertensão moderada a grave, que a comunidade médico-científica acolheu como uma mais-valia para todos os doentes hipertensos com covid-19.

Uma vez mais, e já em contexto de pandemia, a BioJam foi chamada a ter um papel importante. Orgulhamo-nos do nosso produto nunca ter falhado, ainda que este fosse produzido em Itália e este país tenha passado pela situação drástica que todos conhecemos, durante na primeira vaga da pandemia.

 

A entrada na especialidade de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) foi outra das metas atingidas. De que forma é que atuam na melhoria da função musculoesquelética humana?

Lançamos suplementos alimentares específicos, que têm as quatro substâncias mais prescritas, ao longo dos anos, pelos médicos da especialidade. Achámos, por isso, que era fundamental ter um medicamento que as juntasse.

Na área da MFR, a BioJam lançou ainda um equipamento complementar que é não-invasivo e que permite adereçar duas patologias de difícil tratamento, que são a epicondilite e as fasciítes. Esta última carateriza-se por dores intensas na planta do pé, originando a necessidade de várias intervenções cirúrgicas. Já com este equipamento, em apenas duas aplicações, as fasciítes ficam tratadas, evitando assim a necessidade de cirurgias.

 

No que diz respeito à pandemia, no final do ano passado, surgiram no mercado nacional os testes rápidos de saliva da BioJam. Visto que se tratam de um dispositivo médico, e não de um medicamento, não foi necessário que estes tivessem de ser aprovados pelo Infarmed. Em que medida é que isto facilitou a sua comercialização e de divulgação do produto em si?

A BioJam cumpriu, religiosamente, com todos os requisitos que o Infarmed exige, na utilização dos dispositivos médicos, onde se integra este teste rápido de antigénio de saliva.

O Infarmed foi notificado pelo nosso departamento regulamentar e, até à data, mantemos essa notificação e daí iniciámos a nossa comercialização, através dos canais autorizados para tal.

Nunca foi nossa vontade, se a legislação assim não o permitir, que os nossos testes sejam feitos por outros que não profissionais de saúde.

Havendo alguma norma de autoteste, aguardamos a lista do Infarmed dos testes que estão autorizados a entrar neste período experimental de seis meses de autoteste, e cumpriremos o que o Infarmed determinar.

 

De que forma é que o teste rápido da BioJam, com recurso apenas a uma pequena colheita de saliva, está preparado para a detenção das novas variantes do vírus causador da covid-19, como é o caso das variantes inglesa, sul africana ou brasileira?

Já antes do surgimento deste teste, a BioJam representava em Portugal o teste Nadal, do fabricante alemão Nal Von Minden.

Com o mais recente teste rápido de antigénio, é apenas necessária uma colheita de saliva, que permite saber o resultado em 15 minutos.

De acordo com os fabricantes, estes testes estão preparados para detetar qualquer mutação, seja esta a britânica, a sul africana, ou brasileira. Ainda assim, eu nunca poderei afirmar de uma forma perentória que os nossos testes estão preparados para detetar todas as mutações que venham a existir, especialmente as que ainda estão por diagnosticar.

Relativamente a todas as variantes conhecidas, nomeadamente a mutação britânica que tanto tem assolado o nosso país, os nossos testes estão preparados para as detetar.

Há um pormenor importante: os testes de saliva que nós representamos em Portugal, são testes representados pela Cruz Vermelha Alemã, e isto mostra as credenciais dos testes que a BioJam utiliza.

Sempre foi uma preocupação nossa garantir a sensibilidades acima das que as entidades balizaram como obrigatórias – o teste Nadal tem 97% de sensibilidade, quando a norma lançada pelas entidades de saúde pedia apenas sensibilidades acima de 90%. As nossas especificidades são de 99,9% e no teste de saliva reportam mesmo especificidades de 100%.

Os testes foram apenas o reconhecimento de fabricantes idóneos, espalhados pelo mundo, que viram na BioJam o parceiro certo para lançar esses testes em Portugal, sendo isso algo que muito nos honra e nos deixa com orgulho pelo trabalho desenvolvido.

 

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