20 Abr, 2018

Associação de cães de assistência alarga oferta a crianças autistas

A Ânimas, uma associação do Porto que forma cães de assistência a surdos e deficientes motores, vai passar a apoiar também crianças autistas, procurando dar resposta a uma lista de espera de 32 famílias de todo o país.

“Os pedidos de cães de assistência a crianças portadoras do espetro do autismo (PEA) atingem 30% do volume total de resposta”, disse à agência Lusa o secretário-geral da Ânimas – Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social, Abílio Leite.

Ao contrário dos assistidos surdos e deficientes motores, que “são capazes de verbalizar que querem um cão para os acompanhar diariamente”, as crianças com PEA “não têm essa capacidade”, pelo que a Ânimas está a promover uma “abordagem diferente, tentando antecipar eventuais problemas”, salientou Abílio Leite.

Com “três cães em processo de formação para serem entregues até ao final do verão”, as crianças “estão já a ser alvo de intervenções assistidas, feita por terapeutas com os respetivos cães, a fim de avaliar a sua reação à presença e interação com o cão”, explicou o responsável da associação.

Vincando que a formação de um cão de assistência “tem uma duração longa e acarreta um investimento por parte da Ânimas de cerca de 20 mil euros”, Abílio Leite revelou que os cães são depois “entregues de forma gratuita”, num trabalho que “não se extingue nesse ato”. Perante o “risco real” de, “ao fim de uns meses, se verificar que não há melhorias na criança”, a Ânimas prefere jogar na antecipação, evitando, dessa forma, “coibir outra família de beneficiar” desse cão.

“Temos de ter a consciência que nem todas as crianças PEA beneficiam com a presença de um cão”, argumentou Abílio Leite, informando que “as intervenções assistidas por animais são feitas por uma dupla certificada, constituída por um psicólogo e um cão”. Entre o período de seleção da família e a fase de acoplamento, essa dupla “irá avaliar se há benefício em ser atribuído o cão, que não implica custos para as famílias”, disse.

Responsável pela formação de um dos três cães de assistência para crianças PEA, Abílio Leite disse à Lusa que “um cão poderá ajudar a desbloquear emoções e à integração no seio dos colegas da escola”. Poderá igualmente “permitir que a família se desloque aos mais diversos locais, evitar comportamentos de fuga, eliminar as estereotipias que possam ter e normalizar o sono”.

A Ânimas está sediada no Porto e é constituída por uma equipa multidisciplinar que, em regime de voluntariado, trabalha no sentido de proporcionar aos indivíduos com deficiência um recurso habilitador que aumente o seu nível de independência e de autoestima.

Lusa

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