21 Fev, 2022

“A luta não acaba aqui. É previsível um aumento de doentes graves no pós-covid”

"O ‘abandono’ de doentes não covid nos últimos dois anos vai ter sérias consequências na saúde da população", avisa o diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital de Santo António.

O diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital de Santo António mostra-se preocupado com o possível aumento de doentes graves nas UCI na fase pós-covid. “A nossa luta não acaba aqui, muito pelo contrário é previsível um aumento significativo de doentes graves na fase pós-covid que vão necessitar de estar internados em unidades de cuidados intensivos nível 2 ou nível 3″, alerta a propósito do Congresso Internacional de Cuidados Intensivos que o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) organizou em formato virtual e que reuniu mais de 300 profissionais de saúde nacionais e mais de uma centena de especialistas internacionais.

“Desenganem-se aqueles que pensam que a pressão ao nível do sistema de saúde vai abrandar, pelo contrário, o ‘abandono’ de doentes não covid durante os últimos dois anos vai ter sérias consequências na saúde da população e na pressão sobre o sistema de saúde”, analisa Aníbal Marinho.

“Vamo-nos confrontar no futuro com semelhantes e porventura maiores desafios do que os que vivemos no passado recente. Mas, como nós intensivistas bem sabemos, a nossa especialidade está em constante e rápida evolução, com diário aperfeiçoamento dos instrumentos de diagnóstico e terapêutica, que exigem dos poderes instituídos cada vez maiores investimentos e dos profissionais um esforço permanente de atualização científica e técnica”, refere o intensivista e presidente do congresso.

Aníbal Marinho acrescenta que “durante a pandemia foi muitas vezes descurada a saúde e as medidas preventivas de doença, nomeadamente de doenças neoplásicas, do doente não covid, pelo que na atualidade são precisas respostas em tempo útil”.

Em causa está, continua o especialista, “uma população muito envelhecida, com múltiplas comorbidades, mais frágil e dependente, que necessita de cuidados de saúde mais frequentes e, também de um apoio social adequado”.

Com o tema “Cuidados Intensivos pós-pandemia”, o evento contou com mais de 5.000 inscritos, entre médicos intensivistas, de medicina interna e enfermeiros, refere informação remetida pelo CHUP à agência Lusa.

“Há um ano eu sublinhava a gratidão que agora retomo de um modo ainda mais intenso e afetivo. Não quero que fiquem com a sensação de que um ano depois isso se desvaneceu com o deslizar da pandemia e que a passagem da pandemia ao que chamam endemia retira mérito e crédito e significa reconhecer menos o papel dos intensivistas. Pura ilusão”, é parte da mensagem que Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu aos congressistas.

Já Cristiano Ronaldo recorreu a expressões como “luta constante” e “duras batalhas” para agradecer aos profissionais de saúde: “Acompanho-vos muito e estou muito orgulhoso de todos vocês”, sintetiza o jogador internacional.

SO/LUSA

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