Obesidade – a doença do século que precisa ser reconhecida
Na data em que se assinala o Dia Nacional da Luta contra a Obesidade, especialistas chamam a atenção para a importância da união de esforços na luta contra esta pandemia dos tempos modernos, apelando ao contributo de médicos, doentes, e também do poder político
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade alcançou proporções de pandemia, sendo hoje um dos mais sérios problemas de saúde pública a nível mundial.
Em Portugal, a prevalência da doença está acima da média europeia, com 16,4% da população adulta com obesidade.
As crianças também passaram a ser uma preocupação para as organizações de saúde, porque não se pode colocar de parte a evidência de que as crianças de hoje serão adultos de amanhã.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), há 1,4 milhões de pessoas obesas em Portugal o que faz de Portugal um dos países com maior taxa de obesidade na União Europeia.
Para Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), estes números justificam-se pelo facto de esta “ doença ser ainda bastante subdiagnosticada e consequentemente subtratada no nosso país”, por isso, “é preciso que os profissionais de saúde reconheçam a doença”.
Já Carlos Oliveira, presidente da Associação Doentes Obesos e ex-obesos (ADEXO) convida o Governo a juntar-se à luta contra a obesidade.
“Juntos combatemos a obesidade, não só os médicos e os doentes, mas, sobretudo, o poder político”, disse.
De acordo com o responsável, a nível da cirurgia para os doentes com obesidade, os principais desafios que se tem vindo a enfrentar são as listas de espera para as intervenções cirúrgicas e os espaços para a realização das mesmas.
“Atualmente, no país, existem apenas cerca de oito hospitais públicos disponíveis, sendo que as listas de espera demoram entre três a quatro anos”, ressalvou Carlos Oliveira.
Mais de metade da população mundial será obesa em 2025
A prevalência da obesidade tem aumentado a um nível alarmante em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade alcançou as proporções de pandemia, com mais de 1,9 biliões de adultos (acima dos 18 anos) com excesso de peso (IMC> 25 kg/m2). Deste grupo, mais de 600 milhões de pessoas são obesas (IMC> 30 kg/m2).
Este aumento global da prevalência da obesidade é visto como um problema de saúde pública e com grandes custos para os sistemas de saúde.
Por isso, Paula Freitas defende que “a comparticipação de medicamentos para obesidade deveria ser um assunto a debater entre os governantes, pois se não o fizerem hoje, as múltiplas patologias podem gerar outros custos no futuro”.
Prevenção como prioridade
Portugal foi o primeiro país na Europa a reconhecer a obesidade enquanto doença.
No país existem cerca de 3,5 milhões de pessoas com pré-obesidade. A obesidade na classe II e III representa 34% da população em Portugal e a maior prevalência de população obesa verifica-se entre os 35 e 74 anos, representando aproximadamente 77%, segundo dados do INE.
A obesidade está associada a um decréscimo da esperança média de vida e várias comorbilidades.
O risco de morbilidade e de mortalidade aumenta com a severidade da obesidade. Apesar de nem todas as pessoas com obesidade desenvolverem problemas de saúde, as comorbilidades são, geralmente, mas frequentes em pessoas com o Índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 35 kg/m2.
Por isso, Paula Freitas acredita que a prevenção seja o primeiro passo na luta contra a obesidade e em segundo os tratamentos clínicos. Seguindo assim três passos importantes para o tratamento: as mudanças do estilo de vida; a administração farmacológica e por último a cirurgia.
SO/CS