30 medidas aconselhadas aos partidos políticos
As propostas do Conselho da Saúde têm como objetivo disponibilizar aos partidos políticos uma base de medidas que permitam aumentar o acesso dos portugueses ao Sistema de Saúde.
O Conselho Estratégico Nacional de Saúde (CENS) da CIP está a apresentar aos partidos políticos portugueses 30 medidas para o setor económico da Saúde, para o Sistema de Saúde português e para o Serviço Nacional de Saúde.
As medidas resultam de uma análise aprofundada dos desafios da Saúde e têm como objetivo disponibilizar aos partidos políticos uma base de propostas que permitam aumentar o acesso dos portugueses ao Sistema de Saúde, contribuir para a Sustentabilidade e promover a competitividade de Portugal nesta área.
É um facto que os portugueses exigem que a Saúde seja uma prioridade para o próximo Governo. Refira-se a sondagem publicada na comunicação social, ontem, 4 de julho, e cujos títulos são inequívocos: “Eleitores exigem mais investimentos na saúde” e “Programas dos partidos devem apostar no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
A mesma sondagem indica que cerca de 37% dos portugueses identificaram o “Investimento na Saúde/ SNS” como a primeira opção, quando questionados sobre quais as prioridades que os partidos devem assumir na elaboração dos seus programas.
Foi exatamente com este propósito que o CENS da CIP remeteu aos líderes partidários um conjunto de propostas, de modo a que possam ser equacionadas nos respetivos programas eleitorais.
Em termos de síntese, o CENS considera absolutamente fundamental:
- Assumir a Saúde como uma prioridade nacional e reforçar a dotação do SNS;
- Criar uma Lei de Meios do Serviço Nacional de Saúde e aplicar orçamentação plurianual;
- Garantir o acesso sustentado à inovação;
- Cumprir com os prazos de pagamento e minimizar os custos de contexto das empresas, no sentido de atrair mais investimento produtivo na área da Saúde;
- Manter o caráter misto do sistema de saúde e aproveitar o seu potencial.
30 medidas em prol da área da Saúde, do Sistema de Saúde e do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
Setor da Saúde
- Garantir pagamentos atempados do Estado às empresas que fornecem bens e serviços.
- Reduzir os custos de contexto em termos de procedimentos administrativos e licenciamento.
- Promover uma “via verde para a internacionalização e o investimento”.
- Operacionalizar o conceito já previsto na lei do “valor nacional da tecnologia”.
- Promover a atração de ensaios clínicos para Portugal.
- Reforçar os argumentos para atração de investimento direto estrangeiros na indústria, seja de medicamentos, de dispositivos médicos, seja de equipamentos e meios complementares de diagnóstico.
- Repensar as regras de procurement públicas de forma a que as Pequenas e Médias Empresas (PME) não sejam penalizadas.
- Apoio à internacionalização das empresas do setor da saúde através da criação de equipas especializadas no interior da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal em colaboração com as associações empresariais representativas.
- Estabelecer um “Pacto de Estabilidade Legislativa”, sem medidas discricionárias e avulsas em relação à atividade privada.
- Estimular investimentos decorrentes das oportunidades na área da economia da longevidade.
Sistema de Saúde
- Manutenção do caráter misto do Sistema de Saúde português. Deve promover-se a articulação entre os setores público, social e privado de acordo com as necessidades, a garantia de acesso e dos demais direitos das pessoas em contexto de saúde, a qualidade das prestações de saúde, a demonstração de eficiência e os ganhos em saúde.
- Necessidade de uma Entidade Reguladora da Saúde a todos os títulos independente.
- Fluidez e gestão das informações, permitindo, por um lado, servir melhor o cidadão e, por outro lado, evoluir em termos de eficiência com aposta no value-based healthcare.
- Revisão do normativo das Convenções, em prol da transparência e da sã concorrência (revisão do Decreto-Lei N.º 139/2013, de 9 de outubro, nos termos apontados no estudo “Setor da Saúde: Organização, Concorrência e Regulação” promovido pelo CENS da CIP).
- Promover de forma racional o aproveitamento da capacidade instalada.
- Harmonizar e simplificar as regras de licenciamento, com a sua aplicação progressiva a todas as unidades de saúde, independentemente de serem públicas, privadas ou sociais.
- Relação transparente, dialogante e equitativa entre subsistemas públicos de saúde e prestadores.
- Reforço da aposta na prevenção e literacia em saúde, criando também incentivos para estilos de vida saudáveis.
- Promover mecanismos que permitam às PME oferecer seguros de saúde aos seus colaboradores.
- Avaliação económica de todas as tecnologias no domínio da saúde, com redução dos tempos de acesso à inovação.
Medidas propostas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
- Separação das funções de financiamento, regulação e prestação de cuidados no interior do setor público.
- Adotar um Orçamento Plurianual para o SNS, de modo a haver menor dependência dos ciclos políticos, mas também económicos.
- Criar uma Lei de Meios do SNS, para identificação quantificada das diversas linhas de despesa, da prevenção ao investimento, passando pelas áreas de financiamento de prestação de cuidados.
- Evoluir, de forma progressiva, para a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em termos de despesa pública em saúde em função do Produto Interno Bruto (PIB).
- Elevar o valor da despesa pública em prevenção para a média da União Europeia.
- Orçamentar de forma transparente e atempada todas as instituições do SNS, abandonando prática de preços administrativos totalmente desfasados da realidade.
- Reforço do papel da rede de cuidados primários e alteração da estrutura de incentivos, nomeadamente na remuneração dos cuidados prestados.
- Avançar para a expansão da rede de Unidades de Saúde Familiar (USF), assegurando uma equipa de saúde familiar a todos os portugueses.
- Reforçar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), atualizando o estudo de cálculo das necessidades e mantendo o recurso aos setores social e privado.
- Reforçar a autonomia e as competências das administrações hospitalares e das direções dos Agrupamentos de Centros de Saúde, para permitir uma gestão mais ágil e eficiente.