16 Jul, 2019

Ébola: Ruanda pede que se evitem viagens “desnecessárias”

O Ministério da Saúde do Ruanda pediu aos cidadãos para evitarem viagens "desnecessárias" à República Democrática do Congo, após descobrir novo caso de Ébola.

O caso detetado foi detetado em Goma, com cerca de dois milhões de habitantes, é o de um pastor que esteve na cidade de Butembo, uma das mais afetadas pelo vírus.

Goma, uma cidade fronteiriça da RDCongo, situa-se a poucos quilómetros da cidade ruandesa de Gisenyi, sendo que a travessia entre as duas é realizada por milhares de pessoas diariamente, tornando-a uma das mais importantes na região.

“O Ministério da Saúde pede aos cidadãos e residentes que não atravessem a fronteira em viagens desnecessárias a áreas em países vizinhos em que tenham sido registados casos de Ébola”, expressou o departamento governamental do Ruanda, através de um comunicado.

A epidemia do Ébola na RDCongo já matou mais de 1.600 pessoas no leste do país desde 1 de agosto de 2018.

A entrada do vírus em Goma levou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a anunciar que está a analisar a possibilidade de considerar a epidemia na RDCongo como uma emergência global de saúde pública.

Esta semana, o Ministério da Saúde da RDCongo anunciou que não vai autorizar a realização de novos tratamentos experimentais para combater a epidemia de Ébola no país para evitar “confusão” entre a população.

O ministério esclareceu que a RDCongo dispõe de doses suficientes da vacina rVSV-ZEBOV, também ela um tratamento experimental da farmacêutica alemã Merck.

A rVSV-ZEBOV tem sido utilizada quase desde o início do surto e apresentado bons resultados, tendo sido já administrada a mais de 158.000 pessoas, segundo o Ministério da Saúde da RDCongo.

Em junho, a farmacêutica anunciou que iria utilizar as suas instalações norte-americanas para produzir mais unidades da vacina.

O combate à epidemia de Ébola na RDCongo tem sido dificultado pela presença de um conflito armado nas principais áreas afetadas, assim como por uma desconfiança da população na intervenção médica.

Estas condicionantes levaram o Ministério da Saúde a rejeitar a introdução de novos tratamentos que poderiam surgir e que envolveriam a realização de novos testes com componentes sem uma eficácia provada cientificamente.

A posição do Governo da RDCongo surgiu depois de a agência Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos da América, ter anunciado a descoberta, em testes laboratoriais, de dois tratamentos eficazes no combate à estirpe do vírus presente no país da África Central.

A investigação realizada pelos cientistas da CDC, cujos resultados foram divulgados na publicação especializada Lancet Infections Diseases, mostra que os tratamentos experimentais com base de ‘Remdesivir’ (antiviral) e ‘ZMapp’ (anticorpos) “bloquearam o crescimento de microrganismos do vírus que causa o Ébola nas células humanas em laboratório”.

A doença, que pode atingir uma taxa de mortalidade de 90% caso não seja tratada com brevidade, provocou 1.665 mortos, 1.571 dos quais confirmados em laboratório, em menos de um ano, tornando-se na segunda epidemia mais mortífera da história, apenas atrás daquela que atingiu a África Ocidental em 2014.

O vírus do Ébola transmite-se através do contacto direto com sangue ou fluidos corporais contaminados e provoca uma febre hemorrágica.

Lusa

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