25 Jun, 2019

Vagas ‘à medida’ para hospitais geram críticas na classe médica

Novo modelo, que permite aos hospitais escolher médicos com competências específicas, está a gerar críticas de falta de transparência e desigualdades no acesso às vagas para recém-especialistas.

Pela primeira vez, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde estão a selecionar médicos com competências específicas, de modo a colmatarem as necessidades de vários serviços. O modelo é inovador e abrange, neste primeiro ano de funcionamento, 140 vagas de perfil. No entanto, está longe de ser consensual e já está a gerar críticas na comunidade médica, segundo avança o Jornal de Notícias.

Das 853 vagas hospitalares, 140 são de perfil, isto, é, estão reservadas para candidatos com perfis procurados pelos hospitais. As vagas foram abertas por quatro Administrações Regionais de Saúde e estão distribuídas da seguinte forma: 69 para a região Norte, 60 para Lisboa e Vale do Tejo, 9 para a região Centro e 2 para o Algarve.

Há muito tempo que os hospitais vinham reclamando junto do Ministério da Saúde a possibilidade de contratar especialistas com competências muito específicas. Neste primeiro ano, há instituições que procuram cardiologistas com experiência em transplantes, anestesiologistas com disponibilidade para tripularem viaturas médicas do INEM, cirurgiões gerais experientes em cirurgia bariátrica laparoscópica especialistas, em Medicina Interna diferenciados em hepatologia, entre outros.

O bastonário da Ordem dos Médicos critica a falta de transparência associada ao modelo e questiona mesmo se todos os hospitais terão tido a hipótese de abrir vagas de perfil. Miguel Guimarães quer “soluções totalmente transparentes e o mais justas possíveis”.

Há até quem admita que este tipo de vagas são uma forma de os hospitais ficarem com os internos que formaram e aos quais deram as competências de que precisam para colmatar as lacunas em muitos serviços. O problema é que, dizem os críticos, este conjunto de vagas feitas à medida desvirtuam a essência do concurso nacional, podendo gerar desigualdades no acesso dos recém-especialistas às vagas a concurso. Ao JN, um médico diz as que as vagas de perfil “são uma falácia” porque “já estão atribuídas” antes de o concurso abrir.

Já o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, aplaude as vagas de perfil, argumentando que estas ajudam a fixar médicos no SNS e colmatam as necessidades específicas dos hospitais.

TC

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