31 Ago, 2020

Urgência pediátrica de Évora em risco de encerrar por falta de médicos

Urgência pode encerrar já a partir de amanhã, alerta o Sindicato dos Médicos da Zona Sul. Nos últimos anos, cinco pediatras deixaram o Serviço.

O Serviço de Urgência de Pediatria do Hospital Espírito Santo de Évora (HESE) atravessa uma grave carência de médicos pediatras, o que põe em risco o seu funcionamento, já a partir do próximo dia 1 de setembro, alerta o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS).

Em comunicado, o SMZS garante que o serviço de urgência de Pediatria do HESE conta atualmente com 6 médicos pediatras, “dos quais apenas 3 realizam trabalho noturno, por questões de limites de idade legalmente previstos, o que faz com que nem o recurso a trabalho extraordinário seja suficiente para assegurar a escala de urgência”.

O sindicato sublinha que a carência de médicos é um problema que se arrasta há vários anos, tendo os médicos sinalizado “por várias vezes, a sua preocupação ao Conselho de Administração (CA) do HESE e também à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo”. “Apesar disso, estas estruturas gestoras deixaram deteriorar a situação, sem nunca terem encontrado uma solução. Nos últimos anos, 5 pediatras abandonaram o Serviço“, acrescenta o sindicato presidido pela médica Adélia Pinhão.

 

Hospital ignora recomendações do Colégio da Ordem dos Médicos

 

O SMZS acusa o HESE de não procurar soluções e de pressionar os médicos “para que preencham as escalas de urgência, mesmo não cumprindo as recomendações mínimas de segurança preconizadas pelo Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, que exigem 2 médicos especialistas em presença física”.

O Sindicato refere ainda que ficaram comprometidos os cuidados necessários às crianças desde o início da pandemia, uma vez que o Conselho de Administração “determinou que o horário semanal destes 6 médicos fosse maioritariamente ou integralmente cumprido em urgência, com prejuízo da restante atividade assistencial em consulta e internamento“.

“A situação torna-se particularmente insustentável, tendo em conta o acréscimo de afluência expectável no inverno e a necessidade imperiosa de retomar a «normal» atividade assistencial. Com o adiamento e suspensão de consultas e exames, tem-se assistido a um preocupante aumento de patologias graves”, acrescenta o comunicado enviado aos jornalistas esta segunda-feira.

Nele pode ainda ler-se que este caso é mais um exemplo “da política de desinvestimento no SNS conduzida por sucessivos governos, que tem levado à deterioração das condições de trabalho e da Carreira Médica e consequente abandono do SNS pelos profissionais”. O sindicato volta a acusar o Ministério da Saúde de manter “uma postura de falta de seriedade e de desvalorização das propostas” e a Ministra da Saúde de “não comparecer à mesa de negociações”.

SO/COMUNICADO

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