27 Ago, 2021

Unicef preocupada com ressurgir da peste bubónica da RDCongo

As deslocações frequentes de pessoas e insegurança na região ajudam a um risco considerável de transmissão transfronteiriça da peste bubónica.

A Unicef manifestou-se preocupada com o impacto nas crianças do ressurgir da peste bubónica na província de Ituri, na República Democrática do Congo (RDCongo), onde se registaram 500 casos e 20 mortes no último ano.

Segundo a ONU News, orgão de comunicação oficial das Nações Unidas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) “está cada vez mais preocupado com o impacto, em crianças, do ressurgimento da peste bubónica na província oriental do Ituri”, porque esta doença agrava a insegurança e pobreza de crianças naquele país.

Além disso, uma nova investigação da Unicef, em três áreas sanitárias do Ituri, concluiu que as crianças estão em risco de contrair a peste, que reapareceu pela primeira vez em mais de uma década.

De acordo com a mesma fonte, o país notificou “cerca de 500 casos da doença centenária e 20 mortes nos últimos 12 meses”.

A supervisora de Campo da Célula Analítica de Ciências Sociais (Cass) da Unicef, Izzy Scott Moncrieff, citada no texto, diz que “é preocupante” o registo de casos em áreas onde não havia infetados há mais de 15 anos.

Segundo aquela responsável, “houve muitos mais casos em áreas com poucas ou quaisquer notificações”.

Por isso, a agência das Nações Unidas vai apoiar comunidades afetadas pela doença, através de uma campanha de erradicação de ratos e pulgas, que são vetores de transmissão.

A campanha inclui também a construção de casas mais resistentes aos roedores e insetos perigosos e o fornecimento de camas, feitas de material local, para crianças.

A Unicef quer também ajudar os pais, impedindo que durmam no chão, onde são expostos à picada de pulgas.

“A ideia é assegurar que os chefes de família e agricultores de subsistência possam viver num ambiente seguro e separado do alimento e gado”, refere a agência da ONU.

A peste transmite-se em zonas rurais, por pulgas e ratos selvagens que entram nas aldeias em busca de comida. As pulgas infetam animais domésticos e gado, antes de a doença ser, eventualmente, transmitida aos humanos, através de picada.

Dados das zonas sanitárias de Biringi, Rethy e Aru, foco do estudo, assinalam 490 infeções entre 2020 e 2021 e 20 mortes.

“Acredita-se que este último surto seja diferente do anterior, porque tanto ele como a sua versão pneumónica, mais infecciosa, transmitido de pessoa para pessoa através do ar, foram relatados em zonas anteriormente livres da doença, perto da fronteira com o Sudão do Sul e o Uganda”, refere.

As deslocações frequentes de pessoas e insegurança na região ajudam a um risco considerável de transmissão transfronteiriça.

Além disso, a peste, segundo a ONU, tem o potencial de atingir particularmente as famílias mais pobres, vulneráveis a doenças, como a malária, e sem dinheiro para comprar mosquiteiros.

Famílias essas que os impactos da covid-19 deixaram ainda mais pobres e menos capazes de fazer face às suas necessidades básicas, como realizar um teste de despistagem da doença. Isto restringe o diagnóstico laboratorial e torna difícil perceber com precisão a progressão da doença.

 

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