30 Ago, 2021

“Um sinal de esperança”. São João desmonta hospital de campanha 18 meses depois

Infraestrutura foi instalada em março de 2020, no início da pandemia de Covid-19.

O Hospital de São João, no Porto, iniciou esta segunda-feira o desmantelamento do hospital de campanha do INEM, que tinha sido instalado para dar resposta aos doentes respiratórios, com suspeita de infeção por SARS-CoV-2.

A infraestrutura composta por tendas foi instalada no início da pandemia de covid-19, a 7 de março de 2020.

Para o presidente do Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ), a desmontagem do hospital de campanha é “um sinal de enorme esperança para o futuro”, no que diz respeito à evolução da pandemia na região e no país. “Hoje é um dia simbólico e um dia de esperança nesta batalha contra a covid-19”, afirmou Fernando Araújo.

“Centenas de profissionais e milhares de doentes foram atendidos nesta estrutura, tendo constituído um modelo inovador e eficaz de triagem e primeira resposta, que rapidamente se generalizou no país”, salienta o CHUSJ, em comunicado.

Instalado desde 07 de março de 2020 no CHUSJ, nas seis tendas amarelas que compunham aquele Hospital de Campanha trabalharam durante as várias vagas da covid-19 “centenas de profissionais de várias especialidades” e passaram “dezenas de milhares de utentes”.

Segundo Fernando Araújo, a decisão de desmontar o Hospital de Campanha do INEM prendeu-se com o facto de, neste momento, a situação “estar estabilizada do ponto de vista de afluxo” e de o São João ter uma “resposta estruturada”.

“Não entendemos que [o desmontar] seja prematuro face ao que temos previsto da evolução da própria pandemia e ao que as próprias entidades de saúde preveem, e, acima de tudo, isto foi um plano de contingência, era necessário dar uma resposta em poucos dias a um número elevado de doentes”, referiu.

Admitindo que o hospital se encontra numa “forma diferente de estar”, Fernando Araújo afirmou que o plano de contingência, que pressuponha a existência daquela infraestrutura, “deixou de ser necessário”.

“É um sinal de enorme esperança para o futuro. Temos ao longo deste ano e meio sofrido alguns problemas e contingências em termos de país, mas conseguimos superar. Acho que podemos olhar para o futuro de forma diferente e muito positiva”, realçou.

O Hospital de São João, que “nunca parou” e onde a retoma das cirurgias e consultas é “efetiva”, prepara-se agora para o próximo inverno.

“Neste momento estamos a trabalhar no próximo inverno, não apenas na questão da covid-19, na questão dos outros agentes respiratórios que possam provocar doença e [para os quais] tenhamos de ter circuitos e formalidades diferentes”, avançou.

O presidente do Conselho de Administração do CHUSJ disse ainda não ser “necessário” voltar a montar aquela infraestrutura face à aproximação do inverno.

“No nosso caso já não será uma necessidade. O hospital ficou preparado, fez investimento em infraestruturas, equipamentos, pessoas e vamos continuar numa nova fase desse investimento de forma que o próximo inverno possa ser trabalhado com antecipação, preparação e acompanhamento”, garantiu.

Pelas 11:30, cinco técnicos do INEM desmontavam as últimas duas tendas que ao longo de 18 meses e até sexta-feira auxiliaram na resposta do Serviço de Urgência daquela unidade hospitalar.

No exterior do hospital mantêm-se os contentores, onde há “uma triagem avançada e um circuito separado para doentes com patologia respiratória”, até serem, posteriormente, inseridos no ciclo normal do hospital.

Também aos jornalistas, o presidente do Conselho Diretivo do INEM, Luis Meira, afirmou que a infraestrutura foi “um exemplo excelente” da resposta entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o Sistema Integrado de Assistência Médica numa “luta que foi de todos, que foi difícil e que ainda continua”.

“Apesar deste sinal de grande esperança que estamos aqui também a querer dar, todos ainda temos a nossa parte para fazer com a garantia de que é possível confiar nas instituições”, afirmou.

Rejeitando tratar-se de uma decisão prematura, Luis Meira garantiu, contudo que, caso seja necessário, “no espaço de poucas horas” o INEM poderá “voltar a implementar uma estrutura semelhante”.

“Estamos a monitorizar em permanência aquilo que vai acontecendo, estamos obviamente a acompanhar a evolução da pandemia. A pandemia ainda persiste, não desapareceu porque se desmontaram meia dúzia de tendas. Como disse, ainda temos muito para fazer. O português tem ainda a sua parte para fazer e diria que parte dela é confiarem nas autoridades de saúde”, acrescentou.

SO

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