17 Out, 2022

Um quinto das USF teve mais de 50 falhas informáticas num ano

Este é um problema que tem piorado ao longo dos anos, segundo André Biscaia, presidente da USF-AN e médico de família na USF Marginal.

Todas as unidades de saúde familiar (USF) que responderam a um inquérito da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN)  indicaram terem tido pelo menos uma falha informática no último ano e mais de 20% teve este problema mais de 50 vezes. Das 604 USF ativas, participaram 448 no estudo “O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários 2021/2022” da USF-AN, que decorreu entre 19 de julho de 2022 e 18 de setembro de 2022.

O descontentamento dos profissionais “nunca esteve tão alto”, diz o presidente da associação, André Biscaia. O responsável defende assim que “a criação de um gabinete dedicado às políticas dos cuidados de saúde primários (CSP) tem de ser uma prioridade”, já que este problema é considerado “crónico”.

“Não ter sistema informático coloca em causa toda a atividade e ter 50 ou mais falhas num ano torna-se impossível”, aponta o presidente da USF-AN em declarações. Em causa está, sobretudo, o acesso à informação clínica dos utentes.

As queixas estendem-se também à falta de material básico, o que aconteceu a 91,9% das unidades durante o período de 2021/22”. De acordo com o médico, está-se a falar de papel para impressora, material para pensos, vacinas ou contracetivos.

Outras preocupações apresentadas no estudo é a falta de acesso a incentivos institucionais e a más condições em muitas instalações. A dimensão da lista de utentes por médico de família é outro cavalo de batalha nos CSP, continuando a estar nas cinco principais preocupações das equipas. Face aos resultados, André Biscaia alerta para o descontentamento dos profissionais que “nunca esteve tão alto” – 78,1% dos coordenadores das USF consideram-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos.

A USF-AN defende que o futuro dos CSP deverá passar por criar equipas dedicadas para pensar as políticas para os CSP e a calendarização da sua implementação, agora sob a alçada da Direção Executiva do SNS. Alertou ainda para a necessidade de haver uma carreira de secretário clínico, a simplificação da atribuição aos enfermeiros do título de especialistas em saúde familiar e a interoperabilidade dos sistemas informáticos.

O estudo foi apresentado no 13.º Encontro Nacional das USF, que decorreu nos dias 14 e 15 de outubro, em Braga.

SO/COMUNICADO

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