16 Abr, 2021

Um quarto da população portuguesa já tem imunidade contra o SARS-CoV-2

Estudo serológico do IMM conclui que, até março, 13% da população portuguesa tinha sido infetada, a que se juntam mais 1,4 milhões de vacinados com pelo menos uma dose.

Cerca de 27% da população, isto é, 2 milhões e 700 mil pessoas, já terá atualmente imunidade contra o SARS-CoV-2, seja por já ter sido infetada ou por ter recebido pelo menos uma dose da vacina, avança o Expresso.

A conclusão é de um estudo serológico desenvolvido pelo Instituto de Medicina Molecular (IMM). O estudo, designado Painel Serológico Longitudinal Covid-19, analisou a presença de anticorpos para o SARS-CoV-2 em colheitas de sangue feitas entre 1 e 17 de março, em Portugal continental e ilhas, com uma amostra representativa da população portuguesa.

A amostra do estudo foi constituída por 2.172 pessoas de várias idades e regiões, incluindo 156 que foram vacinadas maioritariamente até ao fim de fevereiro e 264 que tinham revelado anticorpos contra o novo coronavírus num estudo serológico anterior, de setembro e outubro de 2020, conduzido pela mesma equipa.

Os investigadores concluíram que o número de portugueses a ter contacto com o vírus aumentou desde setembro (mais de seis vezes), estimando-se, assim, que até março, 1,3 milhões (13%) tinham sido infetados. Este valor é muito superior ao número de casos diagnosticados, que ontem, a 15 de abril, estava nos 829 mil. A diferença explica-se, em grande parte, por casos assintomáticos e por pessoas que, mesmo tendo sintomas compatíveis com a infeção, nunca foram testadas e que, por isso, não entraram nos registos de infetados.

A estes 1,3 milhões somam-se outros 1,4 milhões que já tinham imunizados com, pelo menos, uma dose das três vacinas disponíveis em Portugal. Estes dados de vacinação reportam-se a 2 de abril. Atualmente, a percentagem de pessoas vacinadas já é maior.

“Ter um quarto da população com anticorpos significa que ainda estamos a um terço de atingir a imunidade de grupo com 60% ou 70% da população protegida”, afirma Bruno Silva Santos, vice-diretor do IMM e investigador principal do estudo, em declarações ao Expresso.

 

“Vacinação é a única via em tempo útil para se atingir a imunidade de grupo”

 

O investigador diz que os dados indicam que “a vacinação é a única via em tempo útil para se atingir a imunidade de grupo“, essencial para um regresso à normalidade. “Sem a vacinação, é um processo demasiado lento“, frisa o imunologista, assinalando que apenas 13% da população terá atingido a imunidade por “via natural” passado um ano sobre a pandemia e após dois confinamentos generalizados no país, um primeiro entre março e abril de 2020 e um segundo entre janeiro e o início de abril de 2021.

Confirmando os prazos apontados pelo Governo, Bruno Silva-Santos admitiu que, se o plano nacional de vacinação decorrer sem mais perturbações, reunindo “doses disponíveis” e uma “adesão normal das pessoas”, a imunidade de grupo poderá ser alcançada em Portugal em setembro, com 75% da população protegida contra a covid-19.

Anticorpos subsistem durante um ano

Segundo o imunologista do IMM, o novo estudo sugere que “a circulação de anticorpos” específicos para o SARS-CoV-2 se mantém de “forma robusta” até um ano nas pessoas que estiveram infetadas, sendo expectável que uma vacina confira proteção por igual período de tempo, ou até mais (se se considerar que os níveis de anticorpos nas pessoas vacinadas são mais elevados).

“Os anticorpos são a primeira grande barreira contra a infeção ao neutralizarem o vírus nas células”, sublinhou Bruno Silva-Santos, assinalando que a segunda dose de uma vacina “maximiza a resposta imunitária”.

Entre os 264 participantes que revelaram anticorpos contra o SARS-CoV-2 (após a infeção) no estudo serológico anterior, de setembro, 94% “não perderam esses anticorpos” passados seis meses, de acordo com o novo estudo, adiantou o imunologista.

SO/LUSA

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