8 Jun, 2021

Tumores cerebrais são a principal causa de morte em crianças e jovens com cancro

As metástases cerebrais na sequência de outros cancros são a principal causa de tumor do cérebro. Só em 2020, este tipo de tumor causou 930 mortes em Portugal.

No mês de sensibilização para os tumores cerebrais, a Associação de Investigação e Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO), em parceria com o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia e a Liga dos Amigos do Centro Hospitalar de Gaia juntam-se ao mote “Go Gray in May” para alertar para esta patologia rara e desconhecida pela maioria das pessoas.

A presidente da AICSO e oncologista, Andreia Capela, afirma que “este tipo de iniciativas internacionais de consciencialização” dá “um contributo na melhoria dos cuidados globais que prestamos a estes doentes. Os profissionais de saúde têm uma responsabilidade acrescida de formar e informar os pares e a população que servem”.

 

AICSO Campanha

 

De acordo com a especialista, os tumores cerebrais são os tumores primitivos do cérebro e as metástases cerebrais de outros tumores. Os tumores do cérebro são raros e incluem mais de 120 tipos diferentes, podendo atingir pessoas de qualquer idade e são a principal causa de morte por doença oncológica em crianças e jovens com menos de 20 anos.

Os prognósticos da doença são muito variáveis, podem ser condicionados pelas localizações em regiões nobres e pela agressividade histológica. As metástases de tumores de outras localizações são a principal causa de tumor do cérebro e podem ocorrer entre 20% a 40% dos doentes com tumores.

Os tumores que mais frequentemente apresentam metástases cerebrais são os da mama, pulmão e o melanoma, sendo que o prognóstico também é muito variável.

Em 2020, foram registados mais de 300 mil novos casos de tumores cerebrais em todo o mundo e 250 mil mortes. Portugal registou 1100 casos novos e 930 mortes.

Os sintomas dos tumores cerebrais estão relacionados com a sua localização no cérebro ou o compromisso que o causam. Andreia Capela revela que podem manifestar-se por “dores de cabeça frequentes, vómitos, convulsões, desequilíbrios, alteração de força ou sensibilidade num segmento do corpo, alteração de memória, alteração de comportamento, alteração de personalidade, alteração da fala ou alteração dos sentidos de visão, audição e olfato”.

A investigação da doença pode passar por uma TAC, ressonância magnética, PET e biópsia. As abordagens podem ser muito diferentes, quer pelas localizações ou pelos vários prognósticos.

Os tratamentos podem passar por cirurgia, radioterapia, tratamentos sistémicos (quimioterapia ou agentes alvo), ou uma combinação de vários tratamentos.

 

Treinar o físico e a mente

 

As sequelas da doença são frequentes e podem ser mais ou menos graves, dependendo das localizações e tratamentos.

“Essas sequelas podem passar por défices motores, défices cognitivos, défices de memória, dificuldade em expressar-se e comunicar, alteração da imagem corporal e do comportamento e personalidade, alterações sensoriais”, declara a especialista.

São por isso fundamentais “as abordagens de reabilitação física e neurocognitiva ao longo de toda a jornada de doença e mesmo para além dos tratamentos”.

Salienta ainda que “o apoio de estruturas e mecanismos sociais e de familiares e amigos se reveste de extrema importância em várias fases da doença”. Na sua opinião, os cuidadores assumem nesta doença um papel essencial, vendo-se confrontados com desafios enormes a nível físico e emocional”.

Por essa razão a médica deixa alguns conselhos a quem sofre desta patologia: “é importante que se tornem ativos na sua doença, que questionem os profissionais, que se envolvam no seu processo terapêutico e que percebam as suas prioridades e ajudem os profissionais e a instituição a implementar os projetos que promovam uma melhor resposta”.

SO

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