3 Abr, 2018

Risco de síndrome de burnout é elevado nas pessoas que trabalham em hospitais

Um novo estudo concluiu que a síndrome de burnout afeta todos os trabalhadores no contexto hospitalar, desde enfermeiros a médicos, mesmo que as suas funções não se relacionem com este distúrbio.

O estudo foi coordenado pela Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Os investigadores defendem que os programas que visem reduzir os níveis de burnout nesta população devem ter em consideração todas as categorias profissionais, e não apenas os profissionais de saúde que lidam de forma mais direta com os doentes.

A síndrome de burnout é um estado de fadiga física e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional e que engloba três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal.

A investigação, publicada na revista “Occupational Medicine”, surgiu para tentar colmatar a falta de informação sobre a prevalência do burnout em profissionais hospitalares cujas funções não estavam diretamente ligadas ao tratamento da doença. Ana Henriques, investigadora do ISPUP, explicou que “a síndrome do burnout era mais frequentemente avaliada em médicos e enfermeiros, havendo menos evidência sobre a sua prevalência em outras categorias profissionais que trabalham em contexto hospitalar”.

Além de procurar avaliar a prevalência de burnout em cinco categorias de profissionais do contexto hospitalar (auxiliares de ação médica, enfermeiros, técnicos superiores de saúde e de diagnóstico e terapêutica, administrativos e médicos), a investigação tentou também perceber em que medida é que a categoria profissional se associa a níveis elevados de burnout.

Participaram no estudo 368 profissionais hospitalares, que responderam a um questionário via e-mail. “Entre os médicos, enfermeiros e técnicos administrativos, verificámos um risco elevado de burnout em proporções muito semelhantes. Contudo, isso não significa que os motivos que levam ao burnout sejam os mesmos”, diz a investigadora, que sublinha a necessidade de estudos complementares que avaliem as causas desta síndrome.

Ao nível de políticas de saúde pública, o estudo sublinha que “os programas futuros que visem reduzir os níveis de burnout em ambientes hospitalares devem ter em linha de conta todas as categorias profissionais e as especificidades de cada uma delas”. O estudo “The effect of profession on burnout in hospital staff” é também assinado pelos investigadores Maria Manuel Marques, Elisabete Alves, Cristina Queirós e Pedro Norton.

O Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar de São João, o Departamento de Ciências da Saúde Pública e Forenses e Educação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto participaram também na investigação.

LUSA/SO

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais