Projeto para integrar no SNS programa preventivo da depressão pós-parto começa em novembro
A implementação no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de um programa para prevenir a depressão pós-parto vai ser estudada a partir de novembro, disse o coordenador nacional das políticas de saúde mental.
Miguel Xavier adiantou que o projeto da depressão pós-parto resulta de uma parceria entre a Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental (CNPSM), a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e a Universidade de Coimbra, assinalando que a prevenção é “uma questão estratégica” para o organismo que dirige.
A assinatura do acordo entre o Ministério da Saúde, a Universidade de Coimbra e a Fundação Calouste Gulbenkian, bem como dos protocolos de colaboração entre a CNPSM, a FCG e as Unidades Locais de Saúde (ULS) onde decorrerá o estudo, está marcada para a próxima segunda-feira na Universidade de Coimbra.
Na mesma altura serão apresentados os objetivos da CNPSM na área da Saúde Mental Perinatal, a plataforma Be a Mom e o projeto de colaboração.
O programa Be a Mom funciona online, tendo sido criado por uma equipa de psicólogos clínicos do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia, da Universidade de Coimbra.
“Este programa é um programa com eficácia e que já está testado”, disse Miguel Xavier, acrescentando que o “estudo de implementação”, que decorrerá nas ULS em Gaia, Viseu, Beja e Guimarães, vai analisar “quais são as formas melhores para o implementar e, acima de tudo, (…) quais são os obstáculos”.
Prevê-se que o estudo esteja concluído dentro de 18 meses, seguindo-se a aplicação do programa nos cuidados de saúde primários. “Não pode ser um programa a mais, tem de ser uma coisa de rotina e isto é o grande desafio”, disse ainda. As puérperas serão sensibilizadas para a utilização da plataforma online nos cuidados de saúde primários.
O Be a Mom permite analisar aspetos da experiência psicológica nos primeiros meses após o nascimento de um bebé e sugere estratégias para lidar com a situação, permitindo ainda uma avaliação do nível de depressão. Se se registar um valor muito elevado “há um mecanismo de alerta automático para os serviços (de saúde) para se contactar a pessoa” e “se começar a tratar a situação”.
“O nosso objetivo é depois implementar o Be a Mom em todo o território nacional”, referiu o coordenador nacional das políticas de saúde mental.
Segundo a Fundação Calouste Gulbenkian, o programa foi “testado num rigoroso ensaio clínico que contou com a participação de mais de 1500 mulheres em Portugal” e “demonstrou a capacidade de reduzir significativamente sintomas de depressão e ansiedade das mães no período pós-parto”.
Num comunicado, a fundação adianta que o projeto a ser lançado irá abranger “um total de 20 Unidades de Saúde Familiar e serviços de obstetrícia hospitalares” e preparar a “expansão (do programa) para outras unidades do SNS, nos próximos dois anos, assegurando, assim, um acesso alargado e equitativo a esta intervenção”.
LUSA
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