5 Ago, 2021

Pediatras defendem mais informação científica sobre vacinação de crianças saudáveis

Sociedades de Pediatria e de Infecciologia Pediátrica defendem que se deve obter toda a informação científica possível “antes da decisão final”.

As sociedades de Pediatria e de Infecciologia Pediátrica concordam que adolescentes com comorbilidades sejam prioritários na vacinação contra a covid-19, mas consideram “prudente” obter toda a informação científica possível “antes da decisão final” sobre a vacinação de crianças saudáveis.

Numa posição conjunta hoje divulgada, a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a Sociedade de Infecciologia Pediátrica (SIP) e outras entidades ligadas à saúde da criança e do adolescente referem que “a prioridade atual” é assegurar a vacinação completa de pessoas com 16 ou mais anos, “de forma a atingir elevadas coberturas o mais rapidamente possível”.

Estas entidades estiveram representadas num grupo de trabalho que avaliou a informação científica atual para ajudar na tomada de decisões sobre vacinação de adolescentes dos 12 aos 15 anos.

Em comunicado publicado no site da SPP, os especialistas referem que a gravidade da doença causada pelo coronavírus SARS-Cov-2, que provoca a doença covid-19, depende muito da idade.

“Há forte evidência (informação científica) de que o risco de covid-19 grave (hospitalização e morte) é muito baixo em crianças e adolescentes saudáveis. Consequentemente, a análise do benefício/risco da vacinação deste grupo etário exige uma avaliação muito cuidadosa”, salientam, considerando que a prioridade atual é assegurar a vacinação completa de pessoas com 16 anos e que os adolescentes com 12 ou mais anos com comorbilidades associadas a risco acrescido para covid-19 grave devem ser priorizados para vacinação, uma posição que vai ao encontro da decisão tomada pela Direção-Geral da Saúde.

Relativamente à vacinação universal de crianças saudáveis, os especialistas consideram “prudente obter toda a evidência (informação) científica possível antes da decisão final”.

“A avaliação continuada e mantida da evidência (informação) vinda de países onde a vacinação deste grupo etário já está a decorrer, permitirá que os superiores interesses das crianças e adolescentes possam ser atingidos sem atrasos e com a máxima confiança”, defendem no comunicado assinado pela presidente da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e Coordenadora da Comissão de Vacinas da SIP-SPP, Fernanda Rodrigues, e por José Gonçalo Marques, membro da Comissão Técnica de Vacinação e da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da SPP.

A DGS recomendou na sexta-feira a administração de vacinas contra a covid-19 em crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades.

Segundo a norma que define as doenças prioritárias para vacinação entre os 12-15 anos, devem ser vacinadas prioritariamente contra a covid-19 as crianças que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade, insuficiência renal crónica.

A norma estabelece também como doenças prioritárias para vacinação a transplantação, a imunossupressão, as doenças neurológicas, que englobam a paralisia cerebral e distrofias musculares, as perturbações do desenvolvimento, como a Trissomia 21 e perturbações do desenvolvimento intelectual grave e profundo.

A doença pulmonar crónica, doença respiratória crónica, como asma grave, e fibrose quística também estão entre as prioritárias.

Para a DGS, deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e segundo a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal para quando houver dados disponíveis adicionais sobre a vacinação nestas idades.

LUSA

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