2 Out, 2023

Ordem dos Médicos pede reunião urgente ao Ministro da Saúde

A Ordem dos Médicos pediu uma reunião urgente ao Ministro da Saúde para encontrar soluções imediatas que coloquem fim ao que classifica de "grave situação que atravessa o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

Segundo a Ordem dos Médicos (OM), a situação vivida em vários hospitais de norte a sul do país é grave e já na próxima semana haverá doentes sem acesso a cuidados de saúde, sem que o Ministério da Saúde ou a Direção Executiva do SNS apresentem soluções concretas.

Em declarações à agência Lusa o bastonário da OM, Carlos Cortes, disse que esta é uma crise no Serviço Nacional de Saúde sem precedentes e que existe “uma grande falta de sensibilidade e de bom senso do Governo” relativa à necessidade de valorização e a dignificação dos médicos.

“Não tenho dúvidas nenhumas de que o que está a acontecer no momento pode tornar-se catastrófico nos próximos meses se nada for feito. É uma crise sem precedentes”, disse.

Carlos Cortes adiantou que as informações que chegam à OM é que são à volta de 25 hospitais a não conseguir assegurar áreas tão sensíveis como Medicina Interna, Cirurgia, Pediatria, Cardiologia, Cuidados Intensivos e Ginecologia e Obstetrícia. “Sabemos que a Guarda não vai conseguir assegurar a medicina interna, que Chaves está com enormes dificuldades na pediatria, em Barcelos também não vai ter cirurgia, que Viana do Castelo também corre o risco de ter ruturas em várias áreas absolutamente fundamentais para a resposta do SNS”, referiu.

Na opinião do bastonário, “tem havido uma distração muito perigosa do Governo em relação aos recursos humanos na saúde, aos profissionais de saúde, neste caso em concreto aos médicos”

“Não se consegue reformar o SNS, não se consegue melhorar o SNS, se não se der atenção a estas questões. Sem médicos não há Serviço Nacional de Saúde, sem valorizar os médicos não se consegue valorizar o Serviço Nacional de Saúde”, frisou.

Carlos Cortes considera que o Serviço Nacional de Saúde está a atravessar um momento muito difícil em termos de recursos humanos e que se perspetiva um agravamento exponencial nos próximos meses, uma vez que começa o inverno e essa é uma época em que há mais infeções e descompensações de patologias crónicas com consequente aumento de afluência às urgências.

A reunião pedida, adiantou, visa o debate destas questões para tentar encontrar soluções que possam existir, a aplicar o mais rápido possível.

Os médicos, disse ainda o bastonário, têm atravessado momentos difíceis, nomeadamente a crise económica e o seu impacto e ainda a crise sanitária covid-19, e agora esperavam que muitas das suas difíceis condições de trabalho tivessem uma evolução positiva.

Contudo, adiantou, os médicos fazem 150 horas extraordinárias além do seu horário de trabalho, e o que está a ser-lhes pedido é que trabalhem muitas vezes mais 60 a 80 horas por semana para sustentar o Serviço Nacional de Saúde. “Além do seu [horário de] trabalho, têm que somar mais 150 horas em trabalho extraordinário e o que está ainda a ser pedido aos médicos acima disso é que trabalhem muitas vezes mais de 60 a 80 horas por semana para sustentar o Serviço Nacional de Saúde”.

“Obviamente os médicos querem ajudar, querem poder dar esta resposta, mas a solução, concretamente, é atrair mais médicos para o SNS e fixá-los e não construir um SNS com base em horas extraordinárias”, frisou.

LUSA

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