29 Out, 2021

Ordem dos Médicos estipula equipas mínimas para urgências. Opiniões dividem-se

Enquanto alguns médicos consideram a proposta como sendo um “bom documento”, outros defendem que os “números são impraticáveis” e “pouco realistas”.

A Ordem dos Médicos (OM) propõe um regulamento que define a dimensão mínima das equipas que asseguram o funcionamento dos serviços de urgências. Perante o proposto, vários médicos confirmam a validade do documento, enquanto outros referem a sua impraticabilidade, avança o Público.

O documento da OM, que foi publicado em Diário da República e que estará mais duas semanas em consulta pública, estipula quantos especialistas e internos deve ter cada equipa dos serviços de urgências das diferentes especialidades médicas consoante o número de doentes que recorrem diariamente a um serviço. O documento defende, por exemplo, que, para cada 50 doentes, haja um internista e um médico interno.

“O que existia até agora eram documentos soltos e [os mínimos] apenas estavam definidos para algumas especialidades. Esta proposta foi elaborada pelas direções de todos os colégios de especialidade da Ordem com base nos números internacionais. Resultou de um trabalho intenso que demorou quase um ano e teve em conta vários parâmetros, como a dimensão dos serviços de urgência, a sua complexidade, a população que servem”, explicou o bastonário da OM, Miguel Guimarães.

“É um bom documento. É muito importante porque vem estipular, para cada uma das valências, quantos especialistas e internos estas devem ter, reunindo coisas que estão dispersas”, comentou o ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), João Araújo Correia, acrescentando que considera os “números perfeitamente razoáveis”.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, considera a proposta como “um parto demorado”, sugerindo que “peca por ser tardia”. Esta define “os mínimos necessários para que os serviços funcionem em condições, com qualidade e segurança” e “chegou-se agora a um ponto em que se tem que dizer basta”, conclui.

No entanto, nem todos partilham a mesma opinião. “São números exagerados. São impraticáveis. A proposta não é fazível, nem sustentável. Se fosse aprovada tal como está, poucos serviços de urgência poderiam manter-se abertos”, defende o diretor do serviço de urgência do Hospital de Braga, Jorge Teixeira. “Esta é uma proposta quase provocatória para um país pobre como Portugal”, diz. No mesmo sentido, outro médico, que não quis ser identificado, reforça que a proposta “não é realista”. “Para que é que a Ordem põe cá fora um documento com regras que sabe que não são cumpridas?”, questiona.

SO

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