21 Jun, 2023

Ordem dos Médicos abre inquérito ao caso da grávida que morreu no São Francisco Xavier

O caso remonta ao final de agosto de 2022, quando uma grávida, durante a viagem de transferência entre o Hospital de Santa Maria e o Hospital São Francisco Xavier (HSFX), sofreu uma paragem cardiorrespiratória, acabando por perder a vida, após internamento nos Cuidados Intensivos do HSFX.

“A Ordem dos Médicos (OM) assim que teve conhecimento que estavam médicos implicados, fez aquela que é a sua função na regulação da profissão médica, que é dar conhecimento ao Conselho Disciplinar da situação e pedir que faça a devida avaliação do caso, tendo em conta o relatório que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS)) anunciou muito recentemente”, adiantou o bastonário da OM.

O bastonário explicou que “sempre que há médicos implicados” e “indícios de má prática”, como diz o relatório da IGAS, a Ordem dos Médicos é obrigada “a fazer a sua própria avaliação”, nomeadamente técnica, científica e, sobretudo, disciplinar, para perceber se há aspetos deontológicos que não foram respeitados, uma vez que há um conjunto de médicos que estão envolvidos no processo. Nesse sentido, o processo foi remetido ao Conselho Disciplinar, que é o órgão competente da Ordem dos Médicos, para fazer “uma avaliação muito aprofundada e séria daquilo que aconteceu”.

No dia 8 de junho, a TVI noticiou que o relatório “aponta três erros fatais” na assistência prestada no Hospital de Santa Maria à mulher, que veio a falecer depois de transferida para o Hospital de São Francisco Xavier. O relatório aponta erros ao Hospital Santa Maria, dizendo que não foi seguida a orientação da Direção-Geral da Saúde, de julho de 2022, sobre o acompanhamento de mulheres grávidas durante a transferência inter-hospitalar, e adianta que quando a grávida de 30 semanas deu entrada na urgência ginecológica e obstétrica do Hospital Santa Maria, em 23 de Agosto, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) ainda não tinha atualizado o seu regulamento à luz da nova orientação das autoridades de saúde. A IGAS diz igualmente que o transporte não teria de ser equacionado porque, afinal, havia cama para o recém-nascido no Santa Maria.

O Ministério da Saúde e o Hospital de Santa Maria confirmaram no dia 9 de  junho que tinham recebido relatório da IGAS. “Tendo o relatório da IGAS sido enviado para o Ministério Público, o CHULN respeitará os trâmites judiciais e não comentará nesta fase as suas conclusões, que, como expresso no documento, foram alvo de devido contraditório nos prazos previstos no processo”, adiantou o CHULN.

Segundo um comunicado do CHULN divulgado na altura, já no Hospital São Francisco Xavier a grávida foi “submetida a uma cesariana urgente”, tendo o recém-nascido ido para a unidade de cuidados intensivos neonatais, enquanto a mãe “ficou internada nos cuidados intensivos, vindo a falecer”. Este caso levou à demissão da anterior ministra da Saúde, Marta Temido, que justificou a sua saída com “a circunstância de ter acontecido um episódio que, não tendo direta relação com o desempenho assistencial do SNS, era um episódio de uma gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização”.

LUSA

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