“O pé de atleta é uma urgência dermatológica, que deve ser bem tratada”
Para a dermatologista Alexandra Osório, o pé de atleta pode ter muitas complicações clínicas, devendo ser seguido e tratado por um dermatologista.
O pé de atleta caracteriza-se pela presença de fungos, tanto entre os dedos, como na planta do pé. A pele fica macerada, esbranquiçada entre os dedos e/ou descamativa na planta do pé.
Alexandra Osório, dermatovenereologista, que exerce, também, dermatologia estética avançada, lasers e cirurgia, da Clínica Dermage, explica que a presença de maceração e descamação cutânea dá origem a fragilidade cutânea, com abertura de canais para dentro da derme.
“Todos temos bactérias e fungos que vivem connosco em equilíbrio. Mas, nesta situação clínica, há fungos que proliferam, tornando-se patogénicos. A abertura de brechas na pele vai induzir a entrada de bactérias e desenvolver várias situações clínicas graves que têm de ser tratadas logo de início”, afirma a dermatologista.
Segundo refere, o doente pode ter febre alta – 38.ºC com arrepios, seguida, após 24h00, de eritema no dorso do pé que poderá aumentar e migrar para a perna, dando origem a erisipela ou celulite do membro inferior.
“É uma urgência dermatológica, que deve ser bem tratada, com antibioterapia oral ou sistémica (endovenosa) consoante o grau da gravidade. A evolução do quadro clínico vai depender do tempo que medeia o início dos sintomas e a medicação”, salienta.
E continua: “Com um diagnóstico não assertivo, a febre pode até baixar, mas a infeção dos tecidos moles do pé e da perna evolui. O membro pode ficar inchado, e podem surgir bolhas não tensas na pele, que podem rebentar ao simples toque e babar líquido.”
Segundo a dermatologista, esta situação clínica tem duas complicações major:
“Com o decorrer da infeção subcutânea, há uma distorção dos vasos linfáticos. O membro pode ficar inchado e com edema para sempre e o indivíduo ficar com membros assimétricos em termos de grossura; por outro lado, senão for feita profilaxia com antibioterapia intramuscular, todos os meses, durante cinco anos, o doente poderá ter outro surto e o edema ser mais grave.”
São várias as causas
São vários os fatores de risco para o pé de atleta: realização de terapêutica imunossupressora; doença infeciosa ou infeção aguda; frequentar ginásios, piscinas, aquaparques, balneários, uma vez que mesmo com o uso de chinelos poderá haver contacto com água contaminada; descamação dos pés; doentes com psoríase plantar e eczema disidrótico na planta do pé.
Contudo, e de acordo com Alexandra Osório, as pessoas mais afetadas são as imunodeprimidas, os que frequentam ginásios, com mais de 60 anos, obesas e com edema nos membros inferiores ou com elefantíase.
Tal com o refere a dermatologista, o diagnóstico deve ser feito o mais precocemente possível, pelo que ao primeiro sinal ou sintoma, o doente deve ser encaminhado para um dermatologista.
“Dependendo da gravidade da situação, o tratamento pode ou não ser feito com antibioterapia sistémica endovenosa ou oral. Além disso, o doente deve repousar com o membro para cima e usar meias de contenção elásticas. A higiene deve ser feita, todos os dias, com loção iodada antibacteriano e antifúngico, entre os dedos dos pés ou das mãos. Deve também ser feita profilaxia de futuras infeções”, termina Alexandra Osório.
SO
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