Número de rastreios oncológicos ainda está abaixo dos níveis pré-pandemia
Número de mamografias, papanicolaus e rastreios ao cancro colorretal registam quebras em 2021 em comparação com 2019 e até com o ano passado.
Apesar da recuperação registada a nível dos rastreios oncológicos ao longo dos últimos meses, os dados mostram que os números de mamografias, papanicolaus e rastreios do colon-reto realizados até julho de 2021 ainda continuam abaixo dos níveis pré-pandemia, avança o jornal i.
Segundo revelam os dados disponibilizados no Portal da Transparência do Ministério da Saúde, em julho deste ano o total de mulheres com registo de mamografia nos dois últimos anos foi de 480 846. No mesmo mês de 2020 e 2019, este número assentou nos 555 141 e nos 581 245, respetivamente, o que representa uma quebra de 17% nos dados de 2021 face aos de 2019.
No que diz respeito ao rastreio do cancro do colo do útero através do papanicolau (colpocitologias), o número de mulheres em 2021 com o exame atualizado foi de 903 726, sendo que no ano passado foi de 1 015 126 e de 1 045 157 em 2019. Trata-se de uma quebra de 13,6% quando comparamos os números de 2021 ao dos níveis pré-pandemia covid-19.
Ainda assim, apesar de também se ter observado uma redução no número de exames de rastreio do cancro colorretal no presente ano, este é o que se aproxima mais dos níveis pré-pandémicos, uma vez que se registou apenas uma quebra de 3% (1 518 213 em 2021 em comparação com 1 564 882 em 2019).
No mesmo sentido, em Portugal, um levantamento da autoria da consultora Moai para o Movimento Saúde em Dia, da Ordem dos Médicos (OM), e da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares revelou que, segundo a sua estimativa, foram feitos menos 450 mil exames de rastreio oncológico entre março de 2020 e fevereiro de 2021.
O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Rodrigues, considera que os rastreios organizados estão a funcionar melhor este ano em comparação ao ano de 2020 e reforça que é necessário continuar a garantir o acesso aos mesmos. Ainda assim, este reconhece que a respetiva recuperação na área oncológica ainda vai levar vários meses.
“A perceção empírica que temos é que temos doentes a dar entrada com diagnósticos mais atrasados nos hospitais e com doença mais metastizada”, revelou. Vítor Rodrigues reconheceu, ainda, “que depois do susto da covid-19, as pessoas estão a perder o receio e a procurar fazer os seus exames”. Neste sentido, é fundamental “garantir que existe acesso”.
SO