Novo modelo no SNS evita grandes deslocações aos doentes oncológicos
O Governo está a criar um modelo na Radioterapia do Serviço Nacional de Saúde que vai evitar deslocações e perdas de tempo aos doentes oncológicos
O secretário de Estado da Saúde exemplificou com a Região Centro, que vai ganhar um serviço em Viseu, até agora inexistente naquela zona do país, e com Coimbra, que recentemente conquistou uma nova licença para um equipamento, elevando-se assim para três os aceleradores lineares (utilizados em medicina para tratamento de tumores com uso de radioterapia) no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Manuel Delgado falava à agência Lusa à margem de visitas realizadas ao serviço de Radioterapia do CHUC e ao Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra Francisco Gentil.
O secretário de Estado sublinhou que o Governo pretende que o doente se desloque menos, admitindo que na região Centro ainda há deslocações penalizadoras, que serão atenuadas com o serviço em Viseu.
Manuel Delgado elogiou, por outro lado, a Radioterapia de Coimbra, revelando que os seis equipamentos existentes na cidade (três no CHUC e três no IPO) são os que apresentam maior rentabilidade a nível nacional, com mais exames por equipamento e praticamente sem tempos de espera.
O secretário de Estado sublinhou igualmente que o Governo está atento às estatísticas das doenças oncológicas e que, por isso, está a pensar a longo prazo com este investimento no setor. Os números apontam para um crescimento de 1,5% ao ano do número de doentes com necessidades radioterapêuticas.
O presidente do CHUC, José Martins Nunes, explicou que a entrada em funcionamento do terceiro acelerador linear nos Hospitais de Coimbra é uma grande notícia para os doentes e também para a cidade, região e Serviço Nacional de Coimbra, depois de um processo muito rigoroso e profundo por parte dos organismos que permitiram a atribuição de licença para este equipamento.
Miguel Jacobetty, um dos responsáveis pelo serviço de Radioterapia do CHUC, explicou que o licenciamento do terceiro acelerador e a sua entrada em funcionamento permitirá uma maior rapidez no tratamento e outras comodidades aos doentes.
Já no IPO, Manuel Delgado – que caracterizou a unidade hospitalar como uma pérola no panorama nacional – observou o equipamento de Tomoterapia, único no país – o mais próximo está localizado em Bruxelas – e que permite tratamentos mais extensos e com grande precisão, diminuindo em larga escala os efeitos secundários da Radioterapia.
Nesta unidade, que viu o nome de Manuel António L. Silva perpetuado no Hospital de Dia (foi presidente do Conselho de Administração de 1991 a 1993, e de 1995 a 2016), existem mais dois aceleradores lineares convencionais, que serão substituídos até final do ano, num investimento de cinco milhões de euros com capitais próprios do IPO e de fundos europeus.
José Tereso, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) reforçou a ideia do Governo de que o foco está no doente e defendeu a importância da partilha de recursos e equipamentos na região.
O vogal do Conselho de Administração do IPO, Carlos Santos, revelou que a estrutura tem em curso um investimento de 36 milhões de euros (ME), com 22 deles destinados a um novo edifício para áreas cirúrgicas.
O responsável destacou o equipamento de Tomoterapia (investimento de 2,5 ME; num total em Radioterapia de 4,5 em 2016), um aumento de 3,7 milhões de euros no capital estatutário, a ampliação do edifício de oncologia médica (1,7 ME) e os cinco milhões a investir em dois novos equipamentos ainda este ano.
LUSA/SO/SF